Cortaram-me os braços,
continuei a pensar,
a desenhar outros traços
que não podendo soletrar
imaginei e conspirei
ao ver-te passar.
Arrancaram-me os olhos,
não deixei de te ouvir.
Dancei ao ritmo de pulsações,
do bater de dois corações
que não se conseguem distinguir.
Escreveram-me no fado
(com as forças que não tinha)
um manual de sobrevivência.
E deixaram-me à tua experiência.
Enjaulada no dom que sou…
Fechada neste laboratório
num estado transitório
do corpo que me manipulou.
Sugam-me os sentidos…
os dedos, um por um…
e faço-os renascer
feridos.
Violam-me a pele escamada
e recubro-me,desenhada.
Levem, levem-me tudo!
Mas não me matem aos pedaços!
Posso reconstituir os meus braços
ou os olhares de veludo,
mas há alturas em que a dor
é agonia…
e as Salamandras também morrem, meu amor…
as Salamandras também morrem um dia.
12.07.04
*Mó
1 comentário:
Morrem sim... Todos morremos...
Mas há coisas que são eternas e que nos imortalizam...
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