quinta-feira, agosto 31, 2006

Vou contar tudo a toda a gente.

Que me poisas a perna por cima das minhas pernas quando adormeces, que me embalas com segredos e que me dizes que não tens assim tanto sono.
Vou contar que dizes o meu nome enquanto dormes, que me acordas com a força dos teus olhos no meu rosto, que me abraças até sentires que algum pedaço da minha alma é mais teu.

Vou contar que me assobias e que eu sorrio.
Que me chamas e eu finjo que não te ouço só para ver dos teus labios o meu nome outra vez.
Que me amas.


Vou contar a todos que tens "trinta mil cavalos a galopar no peito" e que a tua casa tem cheiro de acúcar.
E todos vão saber onde vives.
Porque a morada dos Sonhos fica dentro do meu coração.

*Mó

"O meu amor ensinou-me a partir
nalguma noite triste
mas antes ensinou-me
a não esuqecer que o meu amor existe..."


Jorge Palma

domingo, agosto 20, 2006

vou só ali...
ao paraíso...

(volto já)
*Mó




"Fully loaded we got snacks and supplies
It's time to leave this town
It's time to steal away
Let's go get lost(...)
Let´s go get lost...

(Road Trippin - R.H.C.P)

sexta-feira, agosto 18, 2006

Existe em algum sítio deste mundo (ou de outro mundo como este mas em que as pessoas têm alma a sério) um sol, um mar, um prado e um caos.

Nesse sítio existem 3 torres muito altas e dentro de cada torre existe uma princesa que repousa em leitos de jasmim e pétalas de rosa.

Cada princesa, antes de dormir, penteia os cabelos e desenha entre os dedos uma trança encantada.
Pintam os lábios com manteiga de amendoim.

A primeira perfuma-se de margaridas. A segunda tem travo a mel. A da terceira torre espalha pelos poros doce de leite com abacate.

Perfumam-se atrás das orelhas e nos pulsos.

Um príncipe viajante, todas as noites, pouco antes da alvorada, ergue na sombra um espadachim de prata e corre a rumo incerto.
Circunda as 3 torres, sente os aromas e guarda as garras no coração.

Volta ao porto de partida e regressa na noite seguinte.

Todas as noites volta e todas as noites parte.
Nunca lhe viram o rosto e dizem que não sabe por onde vai.

Dentro das 3 torres donzelas inventam dormir. Sonham acordadas desde o primeiro galope que ouvem desse luar que desconhecem ainda.

Ele sabe que não pode decidir pelo tamanho da torre, nem pelo aroma da pele, nem pela cor dos cabelos que cada uma lançou pela janela ainda raiava o sol, na esperança de o arrebatar antes da aurora.
Não pode escolher a torre pela vista que julga ter, nem pelo número de ameias partidas.

Ele sabe o que quer.

Para onde vai.
Sabe que não vai passar os dias de torre em torre, porque o corpo tem cansaços e a alma encontros eternos.

Ele sabe que encontrou.

Um dia, ainda não era noite cerrada, passeou-se desmascarado.
Vestiu-se de trapos e sentou-se num cavalo.

Não olhou mais nada. Não quis saber se lá em cima vislumbraria um prado encantado, um mar infinito ou um caos indefinido. Não pensou. Não foi preciso pensar.

Ela tinha a trança lançada, como se um anjo lhe tivesse contado que o ouviu a ouvir o coração.
Ela tinha olhos de ameixa e pó de ouro na trança.
Ele subiu e ficou sarapintado.

A torre não tinha tecto.
As paredes tinham frinchas entre as alvenarias.

Viu o céu todas as noites. O mar infinito todas as manhãs. O caos todas as vezes que o indefinido existiu.
Viu o sol pôr-se e a aurora erguer-se.

Calejou-se dum aroma só, cravado de ouro no peito, no lugar do coração.
E não voltou a descer.

Quando se chega tão alto não se cortam as asas.




"Com um brilhozinho nos olhos e saia dourada escancaraste a porta do bar, trazias o cabelo aos ombros passeando de cá para lá como as ondas do mar, conheço tão bem esses olhos..."
Sérgio Godinho

imagem em: http://oblogdalibelua2.blogs.sapo.pt/arquivo/cavaleiro-sedutor.jpg

terça-feira, agosto 15, 2006


Queria saber tocar nas pessoas como se fossem teclas de um piano.
Fazer melodias e deixar-me levar sem controlar os dedos.

Queria ser anjo, às vezes.
E encontrar duendes pelo caminho.

Mas em dias como este, eu só queria o arco-iris.
Só o arco-iris.
Só, meu amor, o arco-íris.

Mó*
14.08.2006