quarta-feira, outubro 10, 2007

Tenho alguma esperança de agora poder, finalmente, voltar e escrever.

Tenho andado longe, mas não perdida como antes, quando andava por perto. O silêncio tem tido lugar a mais nas minhas palavras e acredito que agora, finalmente, vai deixar de ter.

Tenho pragmaticamente estado longe dos mundos virtuais materializados em teclado e monitor, tenho viajado apenas na minha virtualidade rotineira de continuar a ser os sonhos que tenho.

Tenho amado muito, chorado menos. Tenho calos em forma de anjos nas mãos, de nunca mais terem estado sem outras mãos que as amparassem. Tenho caído pouco, tenho-me levantado apoiada.

Tenho corrido sem cair tanto, dançado de olhos fechados misturada com o cheiro dele.


Tenho-o.
E tenho-me, finalmente, a mim comigo.
:)


(comecei a trabalhar...e neste estatuto de estagiária a que me vou habituando, tenho a tal virtualidade materializada do monitor e do teclado, e tenho tempo e solidão suficientes para me afastar o suficiente (mas não demais) de mim e pensar com palavras naquilo que sinto. se me (re)visitarem, serão sempre bem vindos...)

*Mó

sexta-feira, junho 22, 2007

É passo a passo.
A cada batida conjunta.
A cada ferida defunta.
Em cada abraço.

É beijo a beijo.
Dentro dos sussuros
dos teus lábios quase mudos
quase cegos
que beijo.

É em toda a parte.
É parte da parte
do céu.
É a parte que és meu
que sou o que o sonho
te deu.

És tu
e eu.

...o meu luar cresce e danço à chuva como quem namora com o Sol...
Amo-te nas diferenças que nos justificam assim, sempre de mãos dadas para que tudo seja completo.

Amo-te ainda, no tempo em que o para sempre é já. Hoje, ontem, somos o lugar onde as horas não passam.

(1 ano e uma semana depois...és tu. Sempre foste e eu não sabia.)
*Mó

quinta-feira, abril 19, 2007

deves estar com soninho, e eu devo estar a dormir, talvez.
deitada, pelo menos estarei, e o cheiro na almofada ainda nao saiu.
o cheiro dentro de mim não sai nunca mais.

sonho contigo acordada, adormecida, como bela da historia que foi picada no dedo.faço de conta que durmo e nunca adormeço completamente, para que quando tu, meu princepe quiseres entrar pela janela eu ouça cada passo que dês, para que quando chegares perto dos meus labios para me salvares com um beijo eu sorria de mansinho, e te guarde para sempre comigo.

quero partilhar historias contigo, dançar contigo até que os nossos pés se confundam e sejam um só. quero que me olhes até amanhecer, e me vejas a sonhar contigo.
quero ver-te a adormecer a apertar-te os dedos entre os meus dedos para saber que és real.

quero-te.
a ti.
para sempre.

*Mó

sábado, fevereiro 24, 2007

Via as coisas
independentes do que são
com independência mútua
entre o que têm e o que dão
como se fosse parte de tudo
a parte de que tudo fiz
como se pudesse, em sonho mudo
ser feliz
.

via o céu muribundo
e temia pela madrugada
fechava os olhos ao mundo
dormia em sono pouco profundo
vivia ensonada...

torci as coisas na costura
e despi a cor do tempo
cruzei a conjectura
do meu argumento
do talento do meu suplemento
de ruptura.

agora vejo torto de ti
e olho para o que nunca vi
agora não escrevo cheia de engano
não choro atrás do pano
é na cena primeira
do acto magistral
que te digo que te amo
sem projecto final.

*Mó
24.02.07

(e amo mesmo...muito...)

foto: Mónica Filipa Guerra

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Quando se
batem assim,
nas janelas,
os ventos, assim,
de sentinelas,
de fonemas, sem fim,
de cinderelas,

abanam-se as casas
de concreto,
e crescem-me asas no tecto.



*Mó
11.02.07