sexta-feira, junho 30, 2006

(Quem acreditou
No amor, no sorriso, na flor
Então sonhou, sonhou
E perdeu a paz
O amor, o sorriso e a flor
Se transformam depressa demais)



Ainda não chove, mas ameaça.
Corda bamba de um choro que já secou.


*Mó

quarta-feira, junho 28, 2006

Andavas por aqui à tanto tempo. Enfiado dentro duma máscara que te tornou parte dum mobiliário que eu via sem notar, todos os dias.
Caíam as folhagens no outono, crescia e morria a luz nos dias de sol, e as horas passavam ao ritmo de quem vai sabendo saborear cada parcela do céu. Asc oisas aconteciam á minha volta, iam existindo personagens que se evaporavam, e que davam lugar a outras, que se evaporavam também. Tu ias atravessando os meus lugares, mascarado, sem me dizeres que andavas por aí.

Eu vi-te, confesso. E ia-te parcebendo nos passos e no som das chaves na tua mão. Sabia que vinhas, mas não me tremiam as pernas.

Trocámos de vozes e de cheiros e inventámos motivos para bracejar juntos.



Em frente ao mar, entre uma muralha de gaivotas e uma tempestade de grãos de areia, escondemo-nos um no outro. Abraçaste-me como se me dissesses que o vento não me ia levar de ti. Como se soubesses que o vento me empurrava até ti, cada vez mais perto. Como se nos tivessemos visto em duplicado, nos olhos um do outro, como se nos tivéssemos ouvido perto do pescoço um do outro, como se nos tivéssemos falado, nos lábios um do outro.

E afinal sempre estiveste aqui tão perto. E eu andava distraída com personagens evaporadas.

Agora o ritmo dos teus passos acelera-me a pulsação, e o som das chaves na tua mão desatam as correias da conchinha onde me escondi.

Sei que andas por aqui, que vens sempre, e isso agora faz-me as pernas tremer...


(eu ando pelo mundo prestando atenção a cores que eu não sei o nome...)

*Mó

foto: www.heartgallery.ch/ cms/dyn_media/pressroom

quinta-feira, junho 22, 2006

...não sei se depois deste filme mudei ou encontrei qualquer coisa de mim que já sabia existir.

domingo, junho 11, 2006

Quero-te convencer que somos pó colado numa esfera muito grande.

Que um dia vem vento e somos atirados para outro sítio qualquer onde talvez não nos ensinem a respirar.
Quero que oiças de mim que não há fim para nada porque tudo é fim em si mesmo - as coisas só existem porque não existem sempre, é essa a diferença entre ser e estar - o existir num espaço de tempo mais ou menos definido.
Quero que, por um dia apenas, te apercebas que não sabes o que és, e que ninguém sabe.
Que sejas parte dum nada homogéneo, como são todas as estrelas dum céu bem iluminado. As estrelas não estão todas à mesma distância, como nós, que somos dispostos em lugares com magias distintas, mas no fim só brilhamos em conjunto.

Quero muito exigir que não olhes, que vejas.
Quero que seduzas sempre,
que te apaixones sempre,
que te encantes,
que te sintas de cores diferentes e de luzes diferentes, dentro do mesmo céu.


Quero muito que sejas água. E fogo. E terra. E ar.

E que a água que sejas seja simples assim: H2O...
porque até o primeiro elemento é resultado duma dupla de átomos. Como tu, como eu, como todos...

(és sítio onde as mãos se dão)...


11.06.06
Mó*