quinta-feira, janeiro 12, 2012

The longer the waiting, the sweeter the kiss

26 dias. 624 horas. 37440 minutos.

O tempo multiplica-se na medida em que diminui a unidade de contagem, como se micro partículas de momentos o pudessem fazer crescer. Como se só dividindo se pudesse multiplicar, como se somando não pudessemos mais aumentar os digitos da contagem.

191 dias. 4584 horas. 275040 minutos. E o oceano marcou a passagem, o pé que torceu, a tua mão na minha, teu corpo balançando com o meu. Quando as palavras todas se esgotam num silêncio, os olhos fecham, respiramo-nos, e os lábios apavorados de se perderem, se encontram.
Ouvir-te sussurar naquela madrugada soa até hoje. Bom dia todos os dias, boa noite todas as noites. E depois o silêncio, os lábios que cada vez mais perdidos se encontram. Os teus nos meus, os meus nos teus, e os olhos que fecham na noite, que erguem no dia.

Das 24 horas do dia não penso em ti em todas elas. Mas sinto-te em todos os minutos, e nem te penso. Quando chove, quando o sol rasga lá de cima, quando sinto frio, ou sinto quente, quando sinto fome e sede, sinto-te. Em continuação de mim no outro, sinto-me a continuar-te em mim. Não ser teus olhos mas ver-me reflectida neles ao olhar como me olham, e como recordo a todos os minutos, que me olham. Ver-me em ti clarifica-me.
E dos medos que sinto, que sim, sinto muitos.
E das asas que não quero guardar, sinto os voos que queremos voar.
E do regresso, da chegada, sinto-te abrir a porta, tirar os sapatos, e abraçar-me no inicio do corredor.

26 dias meu amor. Contagem dura, a de contar para trás enquanto se quer olhar para a frente. Sinto-te quando vou, em pensamento, 26 dias à frente e me despeço. Sinto-te como quando vou 191 dias atrás e me apresento. A chegada e a partida, duas páginas da mesma folha. Como o lá e o cá, como o nunca mais e o para sempre. Como tu e eu, e o nós no vértice. Um vértice. Tu e todos os pesos do que trazes, eu e todas as solidões, e um vértice de nós.
E vértices unem no tempo em que mudam direcções, onde vamos? Onde estamos agora?

Como queria que pudesses ouvir o que eu não sei verbalizar. O que o verbo não explica e a carne não expõe, que é do mundo íntimo das minhas chegadas, das viagens infinitas, da carne do avesso. Pele por dentro, tecidos para fora, coração na cabeça, pés nos ombros, mãos no chão. 26 dias meu amor. Medo que vai ficando sereno, da despedida que vai ficando presente. Levava-te comigo, casava-te comigo, com alianças de papel, recicláveis em todos os bons dias de lábios perdidos. E as despedidas seriam as boas noites de olhos fechados. Só isso, mais as 24 horas entre os dois, em que te sinto todos os minutos ainda que não te pense.

Contos de fadas...dizes-me que não é bom quere-los, e eu que sou deles fico sem entender. Contos são contos, e tudo são contos. As histórias que se montam entre o ir e o voltar, sabedoria do que fica e o que vai, do para sempre e do nunca mais. A contagem do tempo - 26 dias. 624 horas. 37440 minutos. - é do tamanho do conto, é do universo das fadas.
A contagem do amor - lábios perdidos, olhos fechados, bom dia, boa noite - é do faz de conta que escolhemos fazer. Porque seremos sempre um vértice, um faz de conta que é ponto, faz de conta que é linha, que pára ou que caminha.
Mas a doçura do ponto, ou da linha, e o reflexo de mim no teu olhar, de ti no meu, faz do faz de conta um conto de fadas. Faz da linha que trazemos de medos, de pesos, de solidões um faz de conta que não dói, faz de conta que já passou.

Abraça-me. Segura-me entrelaçado. Casa comigo com aros de papel revisitados todos os amanhãs. E conta às fadas, com esse teu sussurro que ouço - ecoado à 191 dias, ou mais horas, ou ainda mais minutos - que foram felizes para sempre, ainda que ninguém saiba quanto tempo é o tempo do vértice. Ainda que vértices não tenham tempo nem espaço, façamos o nosso para sempre no lugar do avesso onde moramos em nós.

26 dias, e vou.
Vens?


Though we won't be together again 'til the spring
Just imagine the treasures I'll bring

Come lay with me, stay with me, soon I'll be gone
I will remember you all winter long
And when I return to the one that I miss
Oh, the longer the waiting, the sweeter the kiss
The sweeter the kiss

When the mornings are warm and the valleys are green
I'll come back from wherever I've been

Oh, the longer the waiting, the sweeter the kiss
It's better my darling, I promise you this
the next time I hold you, I'm not letting go
I will give up the ocean forever, I know
Forever I know.