sexta-feira, dezembro 29, 2006




Tu és a prenda mais bonita que o sol um dia me deu.
Amo-te, tanto que deixei de precisar de palavras.
Deixei de precisar de motivos.



Os teus dedos são os meus sonhos e o papel branco é a tua pele.
Pa sempre*tua

*Mó (in real true love...)

quinta-feira, dezembro 21, 2006

eu não sei ter chumbo nos pés.
eu não quero.

[vai com o vento se me quiseres apanhar]

sábado, outubro 28, 2006

Oh my life is changing everyday
Every possible way
Though my dreams, it’s never quite as it seems
Never quite as it seems

I know I felt like this before
But now I’m feeling it even more

Because it came from you

Then I open up and see
The person fumbling here is me
A different way to be

I want more, impossible to ignore
Impossible to ignore
They’ll come true, impossible not to do
Impossible not to do

Now I tell you openly
You have my heart so don’t hurt me
For what I couldn’t find

Talk to me amazing mind
So understanding and so kind
You’re everything to me

Oh my life is changing everyday
Every possible way
Though my dreams, it’s never quite as it seems
’cause you’re a dream to me
Dream to me


(Dreams - cranberries)

terça-feira, outubro 24, 2006



Mostraste que foste
quem iluminou
o meu lugar
e pisaste
o meu chão furado,
encontraste
um outro lado
de procurar.

Foste o céu
quando fui voar
e voaste num mundo meu
onde voar aconteceu
e onde o meu corpo adormeceu
para acordar.

Escolheste
escolher.
Escolhi
ficar.

Amaste o meu amor.
Amei o teu amar.

(fazes-me feliz*)

Mó*
24.10.06

quarta-feira, outubro 18, 2006

«oui, tu la connais...dans tes rêves»


(nos sonhos as legendas não têm porque existir).

domingo, outubro 15, 2006

[Quando a luz dos olhos teus e a luz dos olhos meus resolvem-se encontrar
ai que bom que isso é, meu Deus, que frio que me dá o encontro desse olhar]


primeiro achava que um menino e uma menina podiam gostar tanto um do outro que andavam de maos dadas para nao se perderem.
eu tinha muito medo de perder as pessoas de quem gostava assim muito muito.
por isso andava de maos dadas com a minha mãe e com o meu pai.

um dia perdi-me.
e as maos vazias eram mais pesadas.
depois encontrei-os porque as maos deles nao encontraram as minhas e eles procuraram por mim.

a certa altura achei que as pessoas começavam um dia a sentir uma coisa esquisita.
nao sabia porque existia, devia ser como um virus que se apanhava como quando se andava sem casaco.
nessa altura pensava de noite com a luz apagada como seria olhar para alguem e ver essa pessoa como se fosse uma pessoa diferente das pessoas todas.
aí gostava-se muito muito e gostava-se mais ainda porque nao havia ninguem que os nossos olhos conseguissem ver daquela maneira.

depois comecei a procurar nos olhos dos outros os tais olhos que os meus olhos iam ver dessa forma meia esquisita.

e procurei muito.
os meus olhos as vezes viam outros olhos, as vezes ficavam felizes e as vezes ate tinham vergonha e eu ficava vermelha naquela parte das bochechas perto dos olhos.
as vezes os meus olhos choravam porque nao encontravam lugar nesses olhos.
outras vezes porque quando olhavam melhor ja deixavam de ver tudo outra vez.

depois inventei uns olhos para os meus.
decorei o desenho das minhas pestanas e ensaiei antes de dormir, todos os dias, os gestos todos e as pregas da minha testa quando chegassem esses olhos que condiziam com os meus.
ensaiei os choros também.
porque tinham de ser bonitas as lagrimas dos meus olhos quando sentissem essa coisa esquisita.

e depois deixei de procurar.

encontrei as vezes pestanas soltas.
as vezes pálpebras fechadas.
também vi sobrancelhas delineadas e cheguei a sentir o cheiro de água salgada em forma de gota.



um dia olhei o olho do sol que te olhava.
apontou para os teus olhos mas a luz era muita e eu nao te soube focar.
fui andando devagarinho colada nesse tom de ouro.

fui com os olhos fechados, com as mãos abertas e os braços soltos.
fui contigo e tu foste comigo com as maos dadas.

agora eu sei como é que um menino e uma menina gostam tanto um do outro.
agora eu sei que as maos que se dão e os olhos que se fecham, dão-se para que nao se percam, fecham-se para que nao se esqueçam.

(moras dentro de mim).

amo-te*


Mó*
15.10.06

quinta-feira, setembro 28, 2006

Aprendi a fazer passarinhos de papel.
Vou fazer mil.
E vou pedir um desejo...



...ser pássaro. De papel também.

(amo-te)*
*Mó

terça-feira, setembro 12, 2006

"The sweetest thing you'll ever learn is just to love and be loved in return."


Eu ainda me acredito em cartas de amor, meu amor.
Continuo persistente nesta vontade de travar caminhos de ternura e declarações sinceras.

É noite agora. A televisão ligada murmura coisas que não me interessam ouvir.
É noite agora e tu dormes. queria ter a tua mão nos meus dedos e os teus gestos na minha pele.
Queria que me sentisses a adormecer-te com os lábios nos teus olhos e com o peito atado ao teu, em forma de coração.
Queria que me ouvisses.

Agora que é de noite invento histórias.
Já me vou sentindo demasiado princesa real, duma realidade que foi história que um dia se absorveu, e continuo a imaginar-te encantado, desta vez adormecido, cansado.
E para te acompanhar, invento anjos.

Muitos anjos.
De todas as cores do mundo.
Com todos os sorrisos do mundo.
Todos para ti.
Visto máscaras com asas (como aquelas que quero num vestido de seda e que tanto te fizeram troçar de mim...), pinto o corpo de branco e voo até ti, agora que sei a tua morada.
Entro pela tua fechadura, agora que sei a tua porta e entro no teu quarto num sopro de frio.
Vejo-te arrepiar e cirandeio os contornos da tua alma .

Fico assim, a proteger o teu sono com dezenas de anjos perto de mim, que me ajudam a proteger-te.

Ficas pequenino assim.
Mexes-te enquanto sonhas e vou-te falando ao ouvido em sussuros que te pertencem, que são só teus... (amo-te).

Eu ainda me acredito em serenatas à janela.
Em declarações eternas, que ecoam para sempre.
Em loucuras, e destinos, e mãos dadas.

E é quando te vejo a dormir que sei que tem corpo e cheiro aquilo em que acredito.
É quando me acordas que sonho de olhos abertos.

Acredito em verdades. E vontades. Em momentos que não têm dívida ao encanto porque são dádivas reais de encantamentos.

Acredito que vale a pena se frágil de vez em quando para se protegida.
Ser forte de vez em quando para poder proteger.

E acredito que me dizes com os teus lábios cerrados nos meus o que eu te digo nesta folha.
Acredito que vou sabendo ler nas entrelinhas do que não escreves aquilo que queres dizer.

Sei que é patético descrever patéticos estados de espírito, que chega a soar piegas gostar e insistir que se gosta.
Mas é noite.
E tu dormes.
E eu sinto saudades tuas.

É noite e há sempre tanto para te contar.
É noite e eu ainda me acredito em cartas.
De amor.


*Mó
10.09.06

quinta-feira, agosto 31, 2006

Vou contar tudo a toda a gente.

Que me poisas a perna por cima das minhas pernas quando adormeces, que me embalas com segredos e que me dizes que não tens assim tanto sono.
Vou contar que dizes o meu nome enquanto dormes, que me acordas com a força dos teus olhos no meu rosto, que me abraças até sentires que algum pedaço da minha alma é mais teu.

Vou contar que me assobias e que eu sorrio.
Que me chamas e eu finjo que não te ouço só para ver dos teus labios o meu nome outra vez.
Que me amas.


Vou contar a todos que tens "trinta mil cavalos a galopar no peito" e que a tua casa tem cheiro de acúcar.
E todos vão saber onde vives.
Porque a morada dos Sonhos fica dentro do meu coração.

*Mó

"O meu amor ensinou-me a partir
nalguma noite triste
mas antes ensinou-me
a não esuqecer que o meu amor existe..."


Jorge Palma

domingo, agosto 20, 2006

vou só ali...
ao paraíso...

(volto já)
*Mó




"Fully loaded we got snacks and supplies
It's time to leave this town
It's time to steal away
Let's go get lost(...)
Let´s go get lost...

(Road Trippin - R.H.C.P)

sexta-feira, agosto 18, 2006

Existe em algum sítio deste mundo (ou de outro mundo como este mas em que as pessoas têm alma a sério) um sol, um mar, um prado e um caos.

Nesse sítio existem 3 torres muito altas e dentro de cada torre existe uma princesa que repousa em leitos de jasmim e pétalas de rosa.

Cada princesa, antes de dormir, penteia os cabelos e desenha entre os dedos uma trança encantada.
Pintam os lábios com manteiga de amendoim.

A primeira perfuma-se de margaridas. A segunda tem travo a mel. A da terceira torre espalha pelos poros doce de leite com abacate.

Perfumam-se atrás das orelhas e nos pulsos.

Um príncipe viajante, todas as noites, pouco antes da alvorada, ergue na sombra um espadachim de prata e corre a rumo incerto.
Circunda as 3 torres, sente os aromas e guarda as garras no coração.

Volta ao porto de partida e regressa na noite seguinte.

Todas as noites volta e todas as noites parte.
Nunca lhe viram o rosto e dizem que não sabe por onde vai.

Dentro das 3 torres donzelas inventam dormir. Sonham acordadas desde o primeiro galope que ouvem desse luar que desconhecem ainda.

Ele sabe que não pode decidir pelo tamanho da torre, nem pelo aroma da pele, nem pela cor dos cabelos que cada uma lançou pela janela ainda raiava o sol, na esperança de o arrebatar antes da aurora.
Não pode escolher a torre pela vista que julga ter, nem pelo número de ameias partidas.

Ele sabe o que quer.

Para onde vai.
Sabe que não vai passar os dias de torre em torre, porque o corpo tem cansaços e a alma encontros eternos.

Ele sabe que encontrou.

Um dia, ainda não era noite cerrada, passeou-se desmascarado.
Vestiu-se de trapos e sentou-se num cavalo.

Não olhou mais nada. Não quis saber se lá em cima vislumbraria um prado encantado, um mar infinito ou um caos indefinido. Não pensou. Não foi preciso pensar.

Ela tinha a trança lançada, como se um anjo lhe tivesse contado que o ouviu a ouvir o coração.
Ela tinha olhos de ameixa e pó de ouro na trança.
Ele subiu e ficou sarapintado.

A torre não tinha tecto.
As paredes tinham frinchas entre as alvenarias.

Viu o céu todas as noites. O mar infinito todas as manhãs. O caos todas as vezes que o indefinido existiu.
Viu o sol pôr-se e a aurora erguer-se.

Calejou-se dum aroma só, cravado de ouro no peito, no lugar do coração.
E não voltou a descer.

Quando se chega tão alto não se cortam as asas.




"Com um brilhozinho nos olhos e saia dourada escancaraste a porta do bar, trazias o cabelo aos ombros passeando de cá para lá como as ondas do mar, conheço tão bem esses olhos..."
Sérgio Godinho

imagem em: http://oblogdalibelua2.blogs.sapo.pt/arquivo/cavaleiro-sedutor.jpg

terça-feira, agosto 15, 2006


Queria saber tocar nas pessoas como se fossem teclas de um piano.
Fazer melodias e deixar-me levar sem controlar os dedos.

Queria ser anjo, às vezes.
E encontrar duendes pelo caminho.

Mas em dias como este, eu só queria o arco-iris.
Só o arco-iris.
Só, meu amor, o arco-íris.

Mó*
14.08.2006

sábado, julho 22, 2006

Existem por aí muitos sóis por nascer. Conheço alguns que por medo ou ignorância extrema se recusam afincadamente a sorrir aos dias que passam e a louvar pelos que ainda hão de vir. Existem muitos cobardes, de capas camufladas e gárgolas no lugar das cabeças, sem torções de expressão ou qualquer tipo de contra-petrificação que os amoleça e os faça mais reais.
Existem desperdíçios de vida. Aqueles pobres de espírito que não são capazes de identificar um nenúfar no meio de um oceano. É tudo igual, tudo fácil, dizem eles.

E não dizem nada porque não sabem nada nem são nada. Não querem ser nada porque sabem muitas vezes que ao serem qualquer coisa o seriam da forma mais cruel de todas.

Existem pessoas más. Muito más. Que se elevam aos picos da arrogância cada vez que conseguem mais um segundo de espezinhamento, mais um único dia de sombras. Pessoas que não gostam do sol porque é quente, não gostam da chuva porque molha, não gostam do vento porque despenteia.

Não gostam deles.
Nem gostam de mim.

Porque sou filha do sol, como todas as luzes, sou amante da chuva em dias torrenciais, como todos os apaixonados, sou parte do vento, como todas as aves.

E sou tua, como toda a felicidade.


(Adoro a forma como a loucura as vezes me arranca os silêncios e me faz espreguiçar durante todo o dia. Tenho os olhos ainda colados de sono e a janela aberta belisca-me as pestanas.)
*Mó



Acorda, menina linda
Anda brincar
Que o Sol está lá fora à espera de te ouvir cantar
Acorda, menina linda
Vem oferecer
O teu sorriso ao dia
Que acabou de nascer

Porque terras de sonho andaste
Que Mundo te recebeu
Que monstro te meteu medo
Que anjo te protegeu
Quem foi o menino que o teu coração prendeu ?


J. Palma - acorda menina linda.

foto (link):
http://i18.photobucket.com/albums/b118/leodegundia/BALLET.jpg

sexta-feira, julho 07, 2006

Parece que querem torcer o sentido dos rios e até me vieram contar que é provável que o sol passe a nascer de noite e a lua amanheça todos os dias. Fecham as portas de dentro e de fora como se pudessem fechar os ventos e guardá-los para sempre em cada pedaço de ar onde o enclausuram.

Não dormem mais.
Se respiram fazem barulho, e quando não respiram, choram.

Não sabias?

São filhos de anjos também, e querem que as flores crescam todos os dias, que o vento exista em todos os lugares, que o sol ilumine as noites. Querem estar sempre acordados para nos verem adormecidos juntos e para inventarem atrás de nós cenários surreais.

Querem amar como nós e por isso nos seguem por todo o lado. Querem saber como se esconde um beijo atrás dum sorriso e como se chora porque se tem saudade mesmo quando se está tão perto.
Mas não nos querem a nós. Querem o que existe entre nós como se fossem aves de rapina à espreita para nos roubar o que nos faz tão especiais.



Espiam-nos, envolvem-nos com mistérios e pecados que não escolhemos viver.
Matam-nos.
E levam o que fez com que fossemos nós.

Já não temos silêncios, nem paz, nem sol para acordar. Já não temos sorrisos, nem beijos, nem tesouros para sonhar.
Já não nos temos sozinhos.
Os dois, sem o mundo inteiro.

E eles continuam à espreita, abutres que sugam o que vai ainda restando de nós.

Queria de nós só o que nós queríamos.
E eles não entravam, não faziam parte.

Não sonham, não amam, e não nos deixam amar.

(por mais que corramos a enfrentar uma escarpa, acabamos por caír. Eu não queria largar-te a mão).

*Mó

Why does my heart
Skip a crazy beat?
For I know
It will reach defeat
Tell me why
Tell me why

Why do fools fall in love?
Tell me why
Tell me why


(Why Do Fools Fall In Love? - Frankie Lymon)

imagem: Gustav Klimt - Love

sexta-feira, junho 30, 2006

(Quem acreditou
No amor, no sorriso, na flor
Então sonhou, sonhou
E perdeu a paz
O amor, o sorriso e a flor
Se transformam depressa demais)



Ainda não chove, mas ameaça.
Corda bamba de um choro que já secou.


*Mó

quarta-feira, junho 28, 2006

Andavas por aqui à tanto tempo. Enfiado dentro duma máscara que te tornou parte dum mobiliário que eu via sem notar, todos os dias.
Caíam as folhagens no outono, crescia e morria a luz nos dias de sol, e as horas passavam ao ritmo de quem vai sabendo saborear cada parcela do céu. Asc oisas aconteciam á minha volta, iam existindo personagens que se evaporavam, e que davam lugar a outras, que se evaporavam também. Tu ias atravessando os meus lugares, mascarado, sem me dizeres que andavas por aí.

Eu vi-te, confesso. E ia-te parcebendo nos passos e no som das chaves na tua mão. Sabia que vinhas, mas não me tremiam as pernas.

Trocámos de vozes e de cheiros e inventámos motivos para bracejar juntos.



Em frente ao mar, entre uma muralha de gaivotas e uma tempestade de grãos de areia, escondemo-nos um no outro. Abraçaste-me como se me dissesses que o vento não me ia levar de ti. Como se soubesses que o vento me empurrava até ti, cada vez mais perto. Como se nos tivessemos visto em duplicado, nos olhos um do outro, como se nos tivéssemos ouvido perto do pescoço um do outro, como se nos tivéssemos falado, nos lábios um do outro.

E afinal sempre estiveste aqui tão perto. E eu andava distraída com personagens evaporadas.

Agora o ritmo dos teus passos acelera-me a pulsação, e o som das chaves na tua mão desatam as correias da conchinha onde me escondi.

Sei que andas por aqui, que vens sempre, e isso agora faz-me as pernas tremer...


(eu ando pelo mundo prestando atenção a cores que eu não sei o nome...)

*Mó

foto: www.heartgallery.ch/ cms/dyn_media/pressroom

quinta-feira, junho 22, 2006

...não sei se depois deste filme mudei ou encontrei qualquer coisa de mim que já sabia existir.

domingo, junho 11, 2006

Quero-te convencer que somos pó colado numa esfera muito grande.

Que um dia vem vento e somos atirados para outro sítio qualquer onde talvez não nos ensinem a respirar.
Quero que oiças de mim que não há fim para nada porque tudo é fim em si mesmo - as coisas só existem porque não existem sempre, é essa a diferença entre ser e estar - o existir num espaço de tempo mais ou menos definido.
Quero que, por um dia apenas, te apercebas que não sabes o que és, e que ninguém sabe.
Que sejas parte dum nada homogéneo, como são todas as estrelas dum céu bem iluminado. As estrelas não estão todas à mesma distância, como nós, que somos dispostos em lugares com magias distintas, mas no fim só brilhamos em conjunto.

Quero muito exigir que não olhes, que vejas.
Quero que seduzas sempre,
que te apaixones sempre,
que te encantes,
que te sintas de cores diferentes e de luzes diferentes, dentro do mesmo céu.


Quero muito que sejas água. E fogo. E terra. E ar.

E que a água que sejas seja simples assim: H2O...
porque até o primeiro elemento é resultado duma dupla de átomos. Como tu, como eu, como todos...

(és sítio onde as mãos se dão)...


11.06.06
Mó*

sexta-feira, maio 26, 2006

(cast)elos de pó

Agitei os braços com muita força para ver se conseguia voar. Por pouco não fiquei sem articulações.


(dentro da concha ainda se ouve o mar, gaivota?)

Mó*


(Wake... from your sleep
The drying of your tears
Today.. we escape
We escape.

Pack and get dressed
Before your father hears us
Before.. all hell.. breaks loose.

Breathe... keep breathing
Don't lose.. your nerve.
Breathe... keep breathing
I can't do this.. alone.

Sing us a song
A song to keep us warm)


Radiohead - Exit music (for a film)

terça-feira, maio 23, 2006

Tenho 30 minutos e meio para encher esta folha.
Quero fazer dos meus dedos peregrinos de um pleonasmo de vidas banais e habituar-me à ideia de ficar descalça sem ver o sol a nascer.
As vontades também são contagens decrescentes no relógio dos encantos, como são sempre segundos finais todos aqueles que antecedem uma vida eterna. Tudo em contra-relógio, menos eu, que vou tendo só 28 minutos para dizer o que penso sem sentir o que digo.
Magoa-me. Magoa-me muito não ter pêndulos na alma, como quem tem relógios nos pulsos.

Descalça, o chão é mais quente e as mãos mais pesadas, a gravidade é membro de paz e viaja em mim como se fosse ela mesma uma peregrina do que devo ser. Do que não sou.

Perco-me pelos caminhos e páro em portagens com retornos em contra-mão - regresso quase sempre e trago às costas mais vértebras que, ao fazerem com que eu cresça também destroem o equilíbrio vertical da minha postura inicial. Vou tombando, mas debruçada para trás, até ficar em ponte, virada para cima e de olhos abertos, para depois, no fim dos voos todos, descansar deitada e de olhos fechados.

Fico realmente chateada quando me acontecem desiquilíbrios assim. Tenho pouco menos de 25 minutos para preencher as linhas que me faltam e já existiu o meu "grand final" no parágrafo anterior. Não meço o tamanho dos espaços antes de trepar aos seus limites e depois canso-me...páro, recomeço e acabo por não chegar a lado nenhum - caminhar é o lugar final.

Mais dois ou três vocábulos, mais uma ou duas linhas e volta tudo ao normal - as horas mudam na Primavera, e no Outono também, porque as coisas grandes das espécies totais sabem que há sempre um ou outro ajuste por fazer.
Hoje não me apetece cair. Descalça ainda, e com uma ou outra vértebra a mais, tombo para o céu como seria previsto mas não rastejo de tornozelos cambaleados - amanhã farei as coisas banais de andar por aí com noção do tamanho dos lugares que calço.




Atraso o relógio e desligo o alarme.
Tenho 20 minutos mais a vida inteira para as frases todas das folhas todas do mundo todo que é meu.


*Mó
23.05.06

sábado, maio 20, 2006



"O tigre e a neve" - Roberto Benigni

quarta-feira, maio 17, 2006

Não sei...

Não sei se te encontrei.
Se te procurei, não sei.
Não sei se me esbarrei
no que de ti não inventei.
Não sei
se te escolhi.

Ou como foi que te vi.
Não sei
se me escondi.
Se me espelhei,
não sei.

Nem sei se foi por ti
que chamei.
Ou se me encontraste,
não sei.
Se foi em mim
que esbarraste,

não sei também.

Não sei
se a vida tem
o que é de ninguém...
Se me tem
se te tem
se nos tem.

Só sei
que o que não sei
é o que quero saber mais além.

(que esta história é tua,
e minha
e nossa também).



*Mó
17.05.06

domingo, maio 14, 2006

Tenho uma especial adoração por todas as vezes em que já tropecei no meio da rua.

Levanto-me sempre, com ou sem joelho esmurrado e rio-me muito, como se fosse a minha mãe a acordar-me com cócegas logo pela manhã para ir para a escola. A maior parte das vezes até me levanto e nao me lembro de sacudir a roupa, de voltar ao meu estado pré-queda, porque não vou dizer a mim mesma que nada aconteceu...

Levanto-me super tonta, numa insegurança tal que parece que nada me pode fazer mal, porque as coisas más não são cobardes, e não se vão aproveitar da minha fragilidade.

Depois do primeiro passo há um processo visceral que faz de mim uma rainha...já não caminho, flutuo, e o chão que me arranhou a pele agora é mais um excerto de nuvem por andar. Sorrio a quem passa por mim nessa tranquilidade, sorrio também a quem corre porque sei que não tardará para tropeçarem também...como toda a gente.

Depois o passo vai ficando firme outra vez, mais pesado a cada metro, mais rude a cada paragem. E arrasto os pés com as pernas, mantenho sempre a cabeça firme e num processo de inversão, torço o pescoço até conseguir focar o céu. A nuvem do chão está lá em cima outra vez e eu começo a deixar de saber por onde ando...

Até que, de cabeça apontada a Zénite, esbarro em qualquer coisa, tremem-me os joelhos e caio outra vez.
Sei que o processo se repete, volto a ter as mãos da minha mãe na minha barriga enquanto me acorda com cócegas e rio-me muito.



Eu sei que um dia eu vou saber ficar numa fragilidade tão leve que alguém que caminha por cima da nuvem vai-me levar de mão dada...e vai-me acordar todas as manhãs.

(o algodão doce é uma nuvem , sabias? e as coisas têm coisas dentro delas, como as mãos têm linhas com destinos...)

*Mó

sexta-feira, maio 05, 2006




Continuei sem te falar e continuei sem te ouvir.

Existe na linguagem uma propriedade qualquer que faz com que os signos se convertam em símbolos, e que daí se façam contextos. Existe em cada palavra uma carga que me intimida e que me faz assim... calada. Quieta, às vezes. Como quando se é apagado do mundo num vendaval de infinitos. Num silêncio cheio de ruídos de memórias e de passados que não passam nunca.

Continuei sem te falar. E tu, até hoje, continuas sem te ouvir.


*Mó
05.05.06

domingo, abril 30, 2006



Melhor que ser anjo sem saber voar é ter asas de cartão e o mundo inteiro por baixo dos pés.

"I am a bird now".

Mó*

quinta-feira, abril 27, 2006

é bonitinha...e deu vontade de por aqui...para quem não conheçe.

Os outros
Kid Abelha
Composição: Leoni


Já conheci muita gente
Gostei de alguns garotos
Mas depois de você
Os outros são os outros

Ninguém pode acreditar
Na gente separado
Eu tenho mil amigos mas você foi
O meu melhor namorado

(...)
Procuro evitar comparações
Entre flores e declarações
Eu tento te esquecer
A minha vida continua
Mas é certo que eu seria sempre sua
Quem pode me entender
Depois de você, os outros são os outros e só

Depois de você, os outros são os outros e só

terça-feira, abril 25, 2006

"Quero-te assim (...)"

É tarde, mas não muito. Acordei cedo e arranquei de casa numa neblina de alma de quem pouco dormiu.

É tarde, muito tarde, no relógio que me leva até ti. Fazem-se dias que não te vejo sorrir com os meus beijos de cânfora, fazem-se dias que não te vi partir. Dizem-me que te esvaneces num deserto sem fim, que poisas as mãos em Oásis de luz e que deixas que te vejam. Dizem que quando passam por ti as horas, fixam o corpo nos teus gestos e dormem - dizem que as horas não passam mais.

Neste castelo sem masmorras nem muralhas nem canhões nem piratas, não me vejo sob o Sol. É no encaixe da curvatura das tuas costas que encontrarei o meu casulo, e sem esse fecho de corpo em alma, dos teus braços na minha nuca, eu resumo a minha história de princesa a um castelo de esperança.

Sei que te quero. Sei que te quero bem perto, com as tuas malhas desbotadas nas minhas incertezas - eu e tu, justapostos, pelos trilhos cheios de multidões de outros pares, de outros sós, como somos, como seremos.

Quero-te em ensaios infinitos, pré-apresentações, conjecturas de valsas por dançar. Quero-te sobre os meus caminhos, ao meu lado, separados pela limalha fina do destino que decidiremos pautar.

"Quero-te assim. Para sempre. Comigo."

(um dia tu apareces, num corpo que ainda não conheço).

Mó*
10.04.06

quarta-feira, abril 19, 2006

tudo tem um fim. tudo tão rápido.

Era uma vez...uma vez que já se foi.

(levantou-se no meio do mundo, e saiu. Tinha uma lágrima no coração e duas artérias entupidas nos olhos. Cambaleou. Caiu. Ele nem notou...achou que era melhor não a obrigar a ver o desmaio final.)

domingo, abril 16, 2006



Acabou-se a limitação dos sentidos.
Esperar por dias que não vêm
é não viver aqueles que passam
e nem me chamam mais.

Afinal não somos assim tão iguais.

E nem princesas adormeçem
com as janelas abertas
para claustros vazios.

Não tens luzes cobertas,
mas infinitos sombrios.


que se derramem agora, viscerais!
e ensanguentados
os teus lamentos!

que acabados estão os meus infernais momentos.

Que acabado está o encanto,
a sublimação.

E o que fui em mim
num gesto de nós
numa nossa caminhada,
o teu silêncio sem fim
fez acabar assim...
...em nada.



16.04.06


(foto: Vlado Janzekovic; "Sahara shadows")

domingo, março 12, 2006


Ensaio a sorte com a ponta dos dedos como se fossem partículas dum algodão que eu não desvendo, vou soprando as pessoas que passam por mim com um ou outro sorriso, junto com um ou outro aceno, e mais uma palavra ou um silêncio sedimentado.
Oiço de lá vontades de não me dizerem nada. Sorriem também, calam-se ás vezes – respondem-me.

Eu penduro-me nos meus cabelos pendurados à minha pele e vou balançando. Sei que não é verdade que a escarpa da minha vertigem começa agora porque sei que as mentiras do mundo já vêm de trás.

Pendurada que estou, nos tais cabelos de que te falo, balanço.
Baloiço sem descanso.
E rio, e choro e canto porque se calo adormeço, e prefiro esta fábula infinita de brinquedo de voar a saber que um dia me canso e que paro por aqui.
Na ponta dos pés, com os braços tremidos. Na ponta dos meus pés que não sinto por força do frio – chama-se Descalça a princesa do chão.

Rio, e choro, com frio nas mãos também.

Corro ente as portas fechadas, sem tocar os puxadores. Por trás da pele dos lugares estão sempre as verdades dos outros que riem. Que choram. Que têm vontade de não dizer nada – como eu.

Dois pássaros de papel e os bolsos rasgados. Mexo as mãos porque tremo os braços, dentro dos bolsos.
E brinco com a sorte, enquanto passo pelos sorrisos.
E pelas lágrimas.
E pelos silêncios.


Dizes que me distingo das mariposas pela espessura que trago nas asas, pela matéria que me dá estofo ao caminho pelo ar.
Digo-te que é coisa de gente, esta aceleração do baloiço nos meus cabelos – adormeço.


12.01.06
*Mó

domingo, fevereiro 26, 2006


Considera, meu amor, a que ponto chegou a tua imprevidência.
Ai!, os meus [olhos] estão privados da única luz que os alumiava, só lágrimas lhes restam, e chorar é o único uso que faço deles, desde que soube que te havias decidido a um afastamento tão insuportável que me matará em pouco tempo.

Parece-me, no entanto, que até ao sofrimento, de que és a única causa, já vou tendo afeição. Mal te vi a minha vida foi tua, e chego a ter prazer em sacrificar-ta. Mil vezes ao dia os meus suspiros vão ao teu encontro, procuram-te por toda a parte e, em troca de tanto desassossego, só me trazem sinais da minha má fortuna(...).
Mas não, não me resolvo, a pensar tão mal de ti e estou por demais empenhada em te justificar. Nem quero imaginar que me esqueceste. Não sou já bem desgraçada sem o tormento de falsas suspeitas? E porque hei-de eu procurar esquecer todo o desvelo com que me manifestavas o teu amor? Tão deslumbrada fiquei com os teus cuidados, que bem ingrata seria se não te quisesse com desvario igual ao que me levava a minha paixão, quando me davas provas da tua.
Como é possível que a lembrança de momentos tão belos se tenha tornado tão cruel? E que, contra a sua natureza, sirva agora só para me torturar o coração? Ai!, a tua última carta reduziu-o a um estado bem singular: bateu de tal forma que parecia querer fugir-me para te ir procurar. Fiquei tão prostrada de comoção que durante mais de três horas todos os meus sentidos me abandonaram: recusava uma vida que tenho de perder por ti, já que para ti a não posso guardar. Enfim, voltei, contra vontade, a ver a luz: agradava-me sentir que morria de amor, e, além do mais, era um alívio não voltar a ser posta em frente do meu coração despedaçado pela dor da tua ausência.
Depois deste acidente tenho padecido muito, mas como poderei deixar de sofrer enquanto não te vir? Suporto contudo o meu mal sem me queixar, porque me vem de ti. É então isto que me dás em troca de tanto amor? Mas não importa, estou resolvida a adorar-te toda a vida e a não ver seja quem for, e asseguro-te que seria melhor para ti não amares mais ninguém. Poderias contentar te com uma paixão menos ardente que a minha? Talvez encontrasses mais beleza (houve um tempo, no entanto, em que me dizias que eu era muito bonita), mas não encontrarias nunca tanto amor, e tudo o mais não é nada.
(...)
Ai!, porque não queres passar a vida inteira ao pé de mim? Se me fosse possível sair deste malfadado convento, não esperaria em Portugal pelo cumprimento da tua promessa: iria eu, sem guardar nenhuma conveniência, procurar-te, e seguir te, e amar-te em toda a parte. Não me atrevo a acreditar que isso possa acontecer; tal esperança por certo me daria algum consolo, mas não quero alimentá-la, pois só à minha dor me devo entregar. Porém, quando meu irmão me permitiu que te escrevesse, confesso que surpreendi em mim um alvoroço de alegria, que suspendeu por momentos o desespero em que vivo. Suplico-te que me digas porque teimaste em me desvairar assim, sabendo, como sabias, que terminavas por me abandonar? Porque te empenhaste tanto em me desgraçar? Porque não me deixaste em sossego no meu convento? Em que é que te ofendi? Mas perdoa-me; não te culpo de nada. Não me encontro em estado de pensar em vingança, e acuso somente o rigor do meu destino. Ao separar-nos, julgo que nos fez o mais temível dos males, embora não possa afastar o meu coração do teu; o amor, bem mais forte, uniu-os para toda a vida. E tu, se tens algum interesse por mim, escreve-me amiúde. Bem mereço o cuidado de me falares do teu coração e da tua vida; e sobretudo vem ver-me.
Adeus. Não posso separar-me deste papel que irá ter às tuas mãos. Quem me dera a mesma sorte! Ai, que loucura a minha! Sei bem que isso não é possível! Adeus; não posso mais. Adeus. Ama-me sempre, e faz-me sofrer mais ainda.


primeira carta de amor da Soror Mariana Alcoforado


Têm séculos a luz desenhada pelo sol dos olhos...
*Mó

terça-feira, fevereiro 21, 2006

não desapareci.
venho a caminho.



Nunca parto inteiramente,
Não me dou à despedida
As águas vão simplesmente
Presas à sua nascente
É do seu modo de vida

Fica sempre qualquer coisa
Qualquer coisa por fazer
Às vezes quase lamento
Mas são coisas que eu invento
Com medo de te perder

Deixei um livro marcado
E um vaso de alecrim
Abri o meu cortinado
Fiz a cama de lavado
Para te lembrares de mim

Nunca parto inteiramente
Vivo de duas vontades:
Uma que vai na corrente,
A outra presa à nascente
Fica para ter saudades


João Monge


21.Fev.06
*Mó

domingo, janeiro 08, 2006

já me acabei.

Paper paper obsolete
How will you reach out to me
I thought you'd ask me not to leave
Lonely lonely that is me
Lonely lonely that is me

Feist - "lonely lonely"