domingo, fevereiro 20, 2005





Pisei os dedos dos teus pés com os meus quando dançámos ontem à alvorada.
Por entre o restolho, amarraste os cordões dos meus sapatos com as cordas das tuas botas de inverno, que compraste num dia em que ainda não me tinhas visto. Eu já te sabia assim tão encantado, só não sabia onde te encontrar.

Deixei a mochila aberta...num dia qualquer desses em que me viste sorrir como se o sol todo me saísse dos olhos (todos os dias aordei a acreditar que nesse dia esbarrar-me-ia contigo).

E não sabia quem eras tu.

-Tens a mochila aberta, deixaste caír isto.

Agora contas-me que foi assim que nos conhecemos. Não me lembro de te ter ouvido nesse dia, mas cada vez que te oiço agora, sinto que foi com a tua voz que me adormeceram quando sonhei pela primeira vez.

Dá-me colo! E faz-me mimos como quando eu era pequenina e só dormia com sussurros e baloiços ensaiados, como nas noites todas em que fui ficando um bocadinho mais bailarina, daquelas com os cabelos bem compridos, com brilhantes no rosto e um sorriso de quem tem o sol na alma... o brilho dele nos olhos...(piso-te os pés quando danço com os sapatos atados a ti).

-Tens a mochila aberta...

Canta-me as palavras. Não me contes a verdade, deixa-me acreditar que te encontrei sem saber que sempre exististe mesmo antes de saber de ti.

Sei de cor a tua voz, como as rolas que sabem cantar assim que acordam.
Mas continua a cantar.
Quero adormecer com cócegas nos ouvidos.

...Arrepias-me.

És lindo. Muito lindo.


*Mó
12.02.05

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