quinta-feira, fevereiro 24, 2005
domingo, fevereiro 20, 2005
Pisei os dedos dos teus pés com os meus quando dançámos ontem à alvorada.
Por entre o restolho, amarraste os cordões dos meus sapatos com as cordas das tuas botas de inverno, que compraste num dia em que ainda não me tinhas visto. Eu já te sabia assim tão encantado, só não sabia onde te encontrar.
Deixei a mochila aberta...num dia qualquer desses em que me viste sorrir como se o sol todo me saísse dos olhos (todos os dias aordei a acreditar que nesse dia esbarrar-me-ia contigo).
E não sabia quem eras tu.
-Tens a mochila aberta, deixaste caír isto.
Agora contas-me que foi assim que nos conhecemos. Não me lembro de te ter ouvido nesse dia, mas cada vez que te oiço agora, sinto que foi com a tua voz que me adormeceram quando sonhei pela primeira vez.
Dá-me colo! E faz-me mimos como quando eu era pequenina e só dormia com sussurros e baloiços ensaiados, como nas noites todas em que fui ficando um bocadinho mais bailarina, daquelas com os cabelos bem compridos, com brilhantes no rosto e um sorriso de quem tem o sol na alma... o brilho dele nos olhos...(piso-te os pés quando danço com os sapatos atados a ti).
-Tens a mochila aberta...
Canta-me as palavras. Não me contes a verdade, deixa-me acreditar que te encontrei sem saber que sempre exististe mesmo antes de saber de ti.
Sei de cor a tua voz, como as rolas que sabem cantar assim que acordam.
Mas continua a cantar.
Quero adormecer com cócegas nos ouvidos.
...Arrepias-me.
És lindo. Muito lindo.
*Mó
12.02.05
sábado, fevereiro 19, 2005
If U believe in love at first sight, U never stop looking
And so it is
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...
And so it is
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it is
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...
Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind...
My mind...my mind...
'Til I find somebody new
(Damien Rice - The Blower's Daughter)
...GDT...muito.
sexta-feira, fevereiro 18, 2005
dança comigo a primeira valsa...
Dança comigo a primeira valsa
Da Primavera
Dança sem sonhos, esquece as promessas,
Ninguém nos espera
Já enchi os dias de lutas vazias,
Estou gasto, cansado, dormente
E a um pouco de sexo ou muita poesia
Ainda não fico indiferente
Fala comigo na palavra falsa
Da fantasia
Chovem amigos na festa da praça
Do meio-dia
É certo que as flores parecem maiores
Que toda a virtude do mundo
Com um pouco de sexo ou muita poesia
Ainda me sinto profundo
Se este mundo fosse feito para ser doce
Eu seria doce fosse eu quem fosse
Foge comigo na última volta
Da maratona
Nada comigo num lago indeciso
De metadona
Já deixei as asas na cave da casa
E as chaves no fundo do mar
Com um pouco de sexo ou muita poesia
Ainda nos vamos casar
Quinteto TATI - "valsa quase anti-depressiva"
um dia dançamos até ao fundo dos dias...e das noites...e dos dias que ficam noites e das noites que ficam dia...um até ao outro...
eu e nós, e tu e nós.
e o mundo todo por trás.
*Mó
quarta-feira, fevereiro 16, 2005
trazias um cúmplice com sabor de uva e mel.
Tento ver onde é que se esconde o meu reflexo na pele côncava do copo.
Ontem, naquele abraço das pedras atrás de nós (onde nos escondemos, sem reflexo), não pensamos em correr atrás de nada. Tínhamos tudo na palma das mãos, em cima da pele côncava dos olhos.
Vi-me quando chegaste perto e tão perto te apertei para que não mais perdesse o meu lugar no sítio onde escondes as lágrimas e os silêncios dos sorrisos.
Éramos dois bonecos de pano... com veludo nas mãos, algodão nos cabelos e cabos de aço amarrados à nossa volta. Colados, atados com nós que fizemos tão bem feitos que cada gesto dado os reforça, atiçados e embrulhados de uma forma tão simples que é desnecessário qualquer estratagema de os desatar - nenhum funcionaria.
Tínhamos os mundos todos e as galáxias todas. Tínhamos recantos para os segredos, enrolados um no outro, sem saber onde existia o resto que não éramos nós.
Trouxeste um cúmplice, vermelho negro, com trago de mel e uva - com trago de uva e desejo de mel. Como os acordes dos teus sacrilégios e dos meus previlégios de beber dos teus segredos.
Existem noites assim...perfeitas.
Em que se cortam as mãos e se arranha a pele com a barba áspera (reparaste como cantam os pedaços da minha pele por onde tu passas?), em que se raspam os joelhos no granito esculpido só para nós.
Existem noites em que se fazem paredes e tectos de vapor e o frio não toca em nós, em que temos tudo mais especial que o sonho...em que o sonho é só o resumo quase inócuo da magia toda que nos viram encontrar.
Não vieram as carruagens, nem os cavalos brancos, e nem eu tinha um vestido bordado a ouro. Não havia orquestra de gente, nem um bailado onde as donzelas aprendem a voar. Não soubemos das bruxas nem das madrastas malvadas... confesso que não vi sequer a fada madrinha.
Mas vi-te a ti. E vi-te tão perto que bloqueei no relógio que fica eternamente no último segundo da décima primeira badalada.
O feitiço assim não quebra, e eu não tropeço na escada...esqueço o sapatinho.
Hoje sei, ao procurar o meu reflexo escondido no copo, que não se inventam histórias nem se pedem histórias já inventadas quando se vive o que nós vivemos - com corpo, com alma, com granitos esculpidos e ventos desviados.
Quando estamos perdidos, encontrados depois do espaço que não é nosso.
Quando trazes um cúmplice, que sabe a uva e a mel.
Quando, ao invés de tropeçar na escada, se galgam os medos e se bebem segredos num copo de cristal.
15.02.05
*Mó
Ontem, naquele abraço das pedras atrás de nós (onde nos escondemos, sem reflexo), não pensamos em correr atrás de nada. Tínhamos tudo na palma das mãos, em cima da pele côncava dos olhos.
Vi-me quando chegaste perto e tão perto te apertei para que não mais perdesse o meu lugar no sítio onde escondes as lágrimas e os silêncios dos sorrisos.
Éramos dois bonecos de pano... com veludo nas mãos, algodão nos cabelos e cabos de aço amarrados à nossa volta. Colados, atados com nós que fizemos tão bem feitos que cada gesto dado os reforça, atiçados e embrulhados de uma forma tão simples que é desnecessário qualquer estratagema de os desatar - nenhum funcionaria.
Tínhamos os mundos todos e as galáxias todas. Tínhamos recantos para os segredos, enrolados um no outro, sem saber onde existia o resto que não éramos nós.
Trouxeste um cúmplice, vermelho negro, com trago de mel e uva - com trago de uva e desejo de mel. Como os acordes dos teus sacrilégios e dos meus previlégios de beber dos teus segredos.
Existem noites assim...perfeitas.
Em que se cortam as mãos e se arranha a pele com a barba áspera (reparaste como cantam os pedaços da minha pele por onde tu passas?), em que se raspam os joelhos no granito esculpido só para nós.
Existem noites em que se fazem paredes e tectos de vapor e o frio não toca em nós, em que temos tudo mais especial que o sonho...em que o sonho é só o resumo quase inócuo da magia toda que nos viram encontrar.
Não vieram as carruagens, nem os cavalos brancos, e nem eu tinha um vestido bordado a ouro. Não havia orquestra de gente, nem um bailado onde as donzelas aprendem a voar. Não soubemos das bruxas nem das madrastas malvadas... confesso que não vi sequer a fada madrinha.
Mas vi-te a ti. E vi-te tão perto que bloqueei no relógio que fica eternamente no último segundo da décima primeira badalada.
O feitiço assim não quebra, e eu não tropeço na escada...esqueço o sapatinho.
Hoje sei, ao procurar o meu reflexo escondido no copo, que não se inventam histórias nem se pedem histórias já inventadas quando se vive o que nós vivemos - com corpo, com alma, com granitos esculpidos e ventos desviados.
Quando estamos perdidos, encontrados depois do espaço que não é nosso.
Quando trazes um cúmplice, que sabe a uva e a mel.
Quando, ao invés de tropeçar na escada, se galgam os medos e se bebem segredos num copo de cristal.
15.02.05
*Mó
segunda-feira, fevereiro 14, 2005
sexta-feira, fevereiro 11, 2005
porto de abrigo.
porto de abrigo
Um dia, saí pela janela do quarto e saltei da varanda para o jardim. Trepei o muro, piquei a mão num arame farpado esquecido e fiquei de pé, a tremer ao portão.
A lua era vaza, "como se fosse desenhada com um aparo", daqueles bem rigorosos e fabulosamente indefinidos. Alguém a riscou lá, imperfeita, "incrível", como tu dizes...
Não tinha cobertores nem pedaços de pele destapados para dar beijos...não tinha estrelas para contar até vinte com os olhos muito fechados e depois brincar às caçadinhas.
Tinha o corpo quieto, a tremer ao portão, com a mão furada no sítio das chagas. E isso é tanto quando, ao fechar os olhos se conta até 10, se tropeça no 11, e ao segundo preciso do 12, quase no 13, alguém nos faz cambalear quando nos toca o pulso.
Ficam para trás os portões e os arames. As marcas são outras, maiores que as da mão furada.
E as estrelas?
Contadas a dobrar não se atrevem a não aparecer.
10.02.05
*Mó
M M M... um percurso.
terça-feira, fevereiro 08, 2005
"Sabes de uma coisa? Acho que és tu..."
Eles são duas crianças a viver esperanças, a saber sorrir.
Ela tem cabelos louros, ele tem tesouros para repartir.
Numa outra brincadeira passam mesmo à beira sempre sem falar.
Uns olhares envergonhados e são namorados sem ninguém pensar.
Foram juntos outro dia, como por magia, no autocarro, em pé.
Ele lá lhe disse, a medo: "O meu nome é Pedro e o teu qual é?"
Ela corou um pouquinho e respondeu baixinho: "Sou a Cinderela".
Quando a noite o envolveu ele adormeceu e sonhou com ela...
Então,
Bate, bate coração
Louco, louco de ilusão
A idade assim não tem valor.
Crescer,
vai dar tempo p'ra aprender,
Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor.
Cinderela das histórias a avivar memórias, a deixar mistério
Já o fez andar na lua, no meio da rua e a chover a sério.
Ela, quando lá o viu, encharcado e frio, quase o abraçou.
Com a cara assim molhada ninguém deu por nada, ele até chorou...
Então,
Bate, bate coração
Louco, louco de ilusão
A idade assim não tem valor.
Crescer,
vai dar tempo p'ra aprender,
Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor.
E agora, nos recreios, dão os seus passeios, fazem muitosplanos.
E dividem a merenda, tal como uma prenda que se dá nos anos.
E, num desses momentos, houve sentimentos a falar por si.
Ele pegou na mão dela: "Sabes Cinderela, eu gosto de ti..."
Carlos Paião
"cinderela"
Ela tem cabelos louros, ele tem tesouros para repartir.
Numa outra brincadeira passam mesmo à beira sempre sem falar.
Uns olhares envergonhados e são namorados sem ninguém pensar.
Foram juntos outro dia, como por magia, no autocarro, em pé.
Ele lá lhe disse, a medo: "O meu nome é Pedro e o teu qual é?"
Ela corou um pouquinho e respondeu baixinho: "Sou a Cinderela".
Quando a noite o envolveu ele adormeceu e sonhou com ela...
Então,
Bate, bate coração
Louco, louco de ilusão
A idade assim não tem valor.
Crescer,
vai dar tempo p'ra aprender,
Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor.
Cinderela das histórias a avivar memórias, a deixar mistério
Já o fez andar na lua, no meio da rua e a chover a sério.
Ela, quando lá o viu, encharcado e frio, quase o abraçou.
Com a cara assim molhada ninguém deu por nada, ele até chorou...
Então,
Bate, bate coração
Louco, louco de ilusão
A idade assim não tem valor.
Crescer,
vai dar tempo p'ra aprender,
Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor.
E agora, nos recreios, dão os seus passeios, fazem muitosplanos.
E dividem a merenda, tal como uma prenda que se dá nos anos.
E, num desses momentos, houve sentimentos a falar por si.
Ele pegou na mão dela: "Sabes Cinderela, eu gosto de ti..."
Carlos Paião
"cinderela"
segunda-feira, fevereiro 07, 2005
"conta-me histórias..."
Foi durante a guerra que o meu pai pediu a minha mãe em casamento.
África, guerra colonial.
Ás vezes ponho-me a tentar fazer uma estimativa completamente absurda de quantos casais se terão formado aí. Depois, quando me lembro que os casais não se formam, desisto de investir nessas parvoíces de menina apaixonada... e penso em ti. Dessacralizo os contos de encantar e vejo-te aqui.
A minha mãe foi madrinha de guerra dum militar que apareceu entre as páginas de um jornal - ele defendia a pátria, ela preservava a honra de uma menina de bem, na tenra idade de quem ainda quer crescer...(é aqui que reside o primeiro de todos os cadeados que fecham a inocência atrás das nossas costas: o querer crescer... É pura ingenuidade ter vontade de deixar de ser ingénuo.).
Ela era pequenina, com a mesma idade que eu, precisamente.
Se a história se repetisse, eu casaria daqui a um mês. Se a história se repetisse, tinha saído do meu país antes do último natal, e tinha deixado os meus textos e os meus desenhos esquecidos do outro lado do mundo. Se a história se repetisse, não voltava cá nos próximos 30 anos, não via o vazio da lua nova do céu de hoje, visto daqui.
Mas as histórias não se repetem...porque nunca são histórias escritas pela mesma mão, na mesma folha. Também porque não existem histórias de encantar...existem, isso sim, pedaços de vida que se vêm encantados, e que soletramos com prefixos e metáforas demasiadamente belas para serem sujeitos e predicados. Até aquelas coisas que se contam ás crianças, das fadas sininhos, dos gatos das botas e dos pés de feijão são só encantos... com qualquer coisa de história apenas porque existem pela eternidade fora, não porque algum dia tenham existido.
Eu acredito nos encantos. E nos feitiços dos magos e dos duendes que têm potes de ouro no fim do arco-íris.
A minha mãe e o meu pai apaixonaram-se um dia, acredito. Mas não foi num daqueles dias mágicos, em que acabou a guerra, ou a primeira vez em que se viram, nem sequer foi no dia em que ela se vestiu de princesa com um vestido branco e um ramo de flores na mão (parece que nesse dia trocaram alianças, os dois...). Acredito que souberam ler as mãos um do outro como tu lês as minhas, e adormeceram-se no colo, suspiraram como tu e eu fazemos.
Um dia, também, amaram-se. E outro dia, muitos dias depois, deixaram de se amar.
Eu existi entre isso.
Ás vezes ponho-me a pensar quantas histórias semelhantes à deles existiram em paralelo. Com mãos lidas de maneiras diferentes e suspiros mais ou menos profundos...mas histórias paralelas à deles.
Depois, deixo-me de parvoíçes, e penso em ti. Vejo-te aqui e depois deixo de te ver porque me lembro que não estás deitado no meu colo, a suspirar. Dessacralizo as histórias de encantar porque finalemnte sei que elas não existem... e isso faz delas mais especiais ainda.
É que aquilo que não é meu porque não é de ninguém é muito mais fácil ser de nós os dois...quando sabemos que não existem histórias de encantar é mais forte fazer uma que começe do zero.
06.02.05
*Mó
sábado, fevereiro 05, 2005
la joueuse de chicha
la_joueuse_de_chicha
Não sei o que me deu para me por a escrever a esta hora, nunca ligo o computador durante a tarde.
Está sol lá fora, não oiço nada para além dos meus dedos tilintantes nas teclas , e uma musica a marcar os contratempos...
"Calling all angels
I need you near to the ground
I have been kneeling
And praying to hear a sound..."
Podia pegar numa caneta qualquer, riscar um pedaço de papel rasgado, humedecido pelos pingos de dois narizes fanhosos...somos tolinhos, sabias????E essa quase loucura, quase santidade, quase prazer elevado ao ícone do aconchego faz de ti e de mim qualquer coisa "que nao se explica, mas que se gosta"...muito.
Como tu que és lindo....muito lindo.
Um pato bravo que diz que é mau mas que não é capaz de rasgar peitos quando rouba corações.
És um bom ladrão, já sabias disso....somos uma optima parceria, uma dupla de criminosos que, no fundo, só queriam poder levar a lua pra casa. Ou não...depois já não fazia sentido andarmos por aí à procura dela...descalços pela areia, ou sentados num muro de pedra num jardim virado pro rio.
Ela sempre esteve lá, sabias?
Mas as coisas importantes, aquelas que realmente fazem com que os dias sejam mais preciosos que os diamantes por polir, não são importantes nelas mesmas. São-no quando lhes tiras o enquadramento e as vês de mãos dadas...contigo ou com alguem que saiba os teus dedos de cor.
E dizemos que não nos conhecemos, patinho...é bom saber que as despedidas são sempre o "até já" que dizemos com os labios que nao querem nem por nada ter de descolar.
Gosto de ti.
Não sei porque é que me deu pra escrever a estas horas, ainda tenho o pijama vestido e o teu cheiro brinca ás escondidas entre os meus cabelos. Mas tu sabes bem que sou escrava das palavras. Podem ser trunfos, ou condenações, mas antes dizer verdade que omitir aquilo que te digo quando nao te digo nada que faça barulho.
chiuuuu....zzzzzzzz....ouves????.... "gosto de ti, muito"...
...não digas a ninguém... é segredo...
*Mó
05.02.05
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