Dizem-me que há verdades que não se contam.
Digo que há mentiras que se decidem.
Não te digo nada.
Não te digo coisa alguma que oiças.
Perdi-me de ti no dia em que te vi de tão perto que perdi a imagem do que és - ganhei-me desencontrada num espço pequeno demais para mim e o meu prolongamento em ti.
Não me apetece dizer seja o que for.
Nem as verdades todas sobre as mentiras que te contei sempre.
Eu não acredito em fadas.
Nem em sininhos, nem em pós de ouro e céus e luas.
Não peço desejos ao nascer do sol nem me arrepio quando ele se põe.
As músicas que canto, são as que oiço e não as que choro. As que choro não conto a ninguém - nem a mim.
Muito menos a ti.
Que não soubeste nunca que se fiquei com a voz rasgada não foi de te chamar em vácuo - foi de tantas vezes ter-te perguntado o que fazias comigo quando eu estava sem ti.
Nunca estive doutra forma.
Eu não acredito em ti.
Nunca acreditei que fosses o cheiro que trazia comigo quando te levava para os sonhos todos.
Também não acreditei em mim.
Por isso não te contei que mentia quando me tinha encantada.
Por isso não me contei que te perdia quando me acorrentava.
Não acreditei que tivesses ficado longe.
Porque não aprendi a ver-te daqui.
Tocou a última valsa de olhos fechados.
Encravou a voz numa página de seda.
Tudo corre bem enquanto não acaba.
"(...)
Acabado de entrar, pensava como reconfortava a alma
nunca tão poucas palavras tiveram tanto significado
e de repente era assim, do nada, um ser iluminado -
e tudo fazia sentido,
respirar fazia sentido,
andar fazia sentido,
todo o pequeno pormenor em pensamento perdido
era isto que realmente importava,
não qualquer outro tipo de gratificação
(...)
A minha pedra filosofal
Seguia para dentro do nosso pequeno universo
Um pouco disperso - pronto, disponível a ser submerso
Naquele mar de temperatura amena que a minha pequena
abria para mim sempre tranquila e serena.
Tento ter a força para levar o que é meu
Sei que às vezes vai também um pouco de nós
Devo concordar que às vezes falta-nos a razão
Mas nego que há razões para nos sentirmos tão sós
Vem fazer de conta eu acredito em ti
Estar contigo é estar com o que julgas melhor
Nunca vamos ter o amor a rir para nós
Quando queremos nós ter um sorriso maior
Bem-vindo a casa dizia quando saia de dentro dela
O bonito paradoxo inventado por uma dama bela
Em dias que o tempo parou,
gravou, dançou,
não tou capaz de ir atrás, mas vou ,
porque sou trapalhão,
perdi a chave e já nem sei bem o caminho
nestes dias difusos em que ando sozinho
e definho
à procura de uma casa nova
do caixão até a cova
o percurso é duro em toda a linha,
sempre à prova.
Tento ter a força para levar o que é meu
Sei que às vezes vai também um pouco de nós
Devo concordar que às vezes falta-nos a razão
Mas nego que há razões para nos sentirmos tão sós
Vem fazer de conta eu acredito em ti
Estar contigo é estar com o que julgas melhor
Nunca vamos ter o amor a rir para nós
Quando queremos nós ter um sorriso maior
(...)
o calor é um alimento que eu preciso
o amor é apenas um constante aviso
se sabes que eu não vivo dessa forma
tu sabes que eu não sinto dessa forma"
Casa (vem fazer de conta) - Da Weasel
01.08.05
*Mó
3 comentários:
Dança, ou finge que dança quando os pés já não conhecem o chão e quando já só sabem tropeçar.
Tropeça. Faz parte da peça. E torna a dançar.
Que se lixem as invenções todas e as fantasias. Que se lixem as noites e os dias.
E se não houver musica, dança ou balança ao som da tua vida. E se não te apetecer dançar faz com que os outros acreditem que danças. E que ris muito. E que es gaivota. E que ate sabes voar.
Inventamo nos tantas vezes que as vezes nos inventamos de verdade e passamos a ser reais.
.
...um arrepio de quem estranha...
...que
a crueza
sobe muito
e demasiado rápido
esbugalho os olhos
enquanto provoco o abrandar dos processos em curso
ala
mudar de casa outra vez
e toda-las que forem precisas
porque enquanto não queiramos
não acaba
quando não acaba...
.
Para quê inventar mentiras, se a verdade mais triste da vida é tão poética como o mais doce dos sins? Para quê sonhar com o nada, embalado com carnes, cheiros e garras, se o mundo está farto de corpos embrulhados em cor? Para que seder à primeira nota musical, tocada de olhos vendados, se o piano possui tantas teclas que tocadas em uníssono e nos tempos certos, criam histórias reais, de monstros e fadas e príncipes de verdade?
Não compreendo. Ou antes, aquilo que compreendo em mim é o que nego a toda a hora. E por isso não sedo à compreensão. Para não caír do alto das núvens tricotadas em fio faz-de-conta. Para nunca mais ter de voltar a abrir os olhos e compreender que estava cega.
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