Podia ser só mais um segundo.
Só mais um dia.
Podia o sol esconder-se só mais uma vez.
Acordar-me do céu só mais uma vez.
Acordo cansada com a vida por abrir num cofre de tempos.
Vivo num templo de cofres com vidas guardadas.
Podia ser só mais um beijo.
Só mais um recado por entregar.
Uma carta por escrever.
Podia ser só mais uma música. Mais uma dança.
Se não fosse a última.
Em flor te aguardo
Neste suspenso momento
Como se o vento
Fosse todo o meu resguardo
E assim me entendo
Ser desta fragilidade
Outra metade
De tão frágil fingimento
Que é seu talento
De entre as pedras ser aquela
Que nos revela
Em cada pedra um sentimento
Porém, se a flor
Tem no destino ser do vento
Há tanto tempo
E eu aguardo, meu amor
Ser Do Vento - Jorge Palma
terça-feira, agosto 30, 2005
sexta-feira, agosto 19, 2005
um dia, esqueço-me que vens.
Enquanto ele esvoaçava as velas erguidas mar adentro, ela tinha nos olhos uma maresia que decidiu amar.
Amarravam-se nos portos e esqueciam as promessas eternas.
Ele desabotoava-lhe os botões da camisa de linho e deixava que o vento lhe descobrisse o que a saia adivinhava.
Ela cheirava-o e aspirava-lhe o corpo com as mãos. Beliscava-o, agarrava-lhe a nuca e mordia-lhe o pescoço. Adorava vê-lo fraquejar, na corda bamba entre a loucura e a saudade. Esqueciam as promessas eternas e deixavam-se cúmplices dum sol quase posto, de dois corpos quase sós.
Separaram-se.
Num lugar de ninguém onde não há tempo nem luar.
Ela ficava à espreita, atrás dos mastros, enquanto tecia tramas das vazias promessas eternas que não conseguia esquecer.
-"É melhor assim." - deixou-a. Partiu.
Disseram-lhe que não mais o viram em paragem noutros portos. Ele disse-lhe que não fraquejaria nunca mais, que era do vento e do momento que viesse a seguir.
Disse-lhe que era dela mais do que queria, mais do que aquilo que podia querer dela. Era do vento, não podia ser de ninguém.
Nunca quis que ela lhe contasse histórias reais , de lugares reais - habituou-se a viver no céu que ela pintou só para o receber.
Nunca mais se tocaram.
A camisa desabotoada é parte duma promessa que ela não quer mais esuqecer.
Ele sugou-lhe pelos lábios o sorriso. E partiu...
Quando ela acorda, ou quando não se deixa adormecer, lavra lágrimas entre as águas traiçoeiras.
Vê-o de longe, ás vezes - com o mastro ao alto, num leme que ela escolheu.
Acena-lhe e esvoaça a saia - deixa-se cair.
Ele fica à deriva.
Não retorna a bom porto.
...não volta.
Todos os dias ela ouve o mar traiçoeiro inventar mentiras sobre uma lágrima que diz tê-lo visto chorar.
Todos os dias lhe contam que não mais o viram voar entre as redes duma teia de promessas eternas que não se quiseram cumprir.
Todos os dias ela tenta acreditar que são mentiras as verdades que ouve. Tenta achar eterna a última promessa de todas -
-"Não voltarei..."
Todos os dias tenta não morrer mais.
Não amar mais.
Ela sabe que ele é filho do vento - ela é amante do mar. Ela sabe que as velas erguidas vão sempre trazê-lo de volta...por mais que não a olhe, é ela que vê.
Ela sabe que um dia, no mais belo sol posto, ele vai chegar.
Com os olhos embebidos em saudade, vão voltar a quebrar as promessas eternas que os deixaram tão longe.
(Deixa-te embalar. Adormeçe de vez no colo dum anjo que saiba onde te escondes!
O teu lugar é aqui, onde te espera a sereia com a saia esvoaçada, no mar que chora por ti todas as manhãs.
Não te vais encontrar nesses lugares onde esperas que te procurem - a ausência do que te quer fazer eterno é a condenação à contra-maré.)
Um dia, cansado, tu retornas.
Um dia, cansada, esqueço-me que vens.
*Mó
19.08.05
"Is this the place we used to love?
Is this the place that I've been dreaming of?
Oh, simple thing, where have you gone?
I'm getting old and I need something to rely on.
So tell me when you're gonna let me in,
I'm getting tired and I need somewhere to begin.
So if you have a minute why don't we go,
Talk about it somewhere only we know?
This could be the end of everything.
So why don't we go somewhere only we know,
Somewhere only we know."
(Keane - somewhere only we know)
Amarravam-se nos portos e esqueciam as promessas eternas.
Ele desabotoava-lhe os botões da camisa de linho e deixava que o vento lhe descobrisse o que a saia adivinhava.
Ela cheirava-o e aspirava-lhe o corpo com as mãos. Beliscava-o, agarrava-lhe a nuca e mordia-lhe o pescoço. Adorava vê-lo fraquejar, na corda bamba entre a loucura e a saudade. Esqueciam as promessas eternas e deixavam-se cúmplices dum sol quase posto, de dois corpos quase sós.
Separaram-se.
Num lugar de ninguém onde não há tempo nem luar.
Ela ficava à espreita, atrás dos mastros, enquanto tecia tramas das vazias promessas eternas que não conseguia esquecer.
-"É melhor assim." - deixou-a. Partiu.
Disseram-lhe que não mais o viram em paragem noutros portos. Ele disse-lhe que não fraquejaria nunca mais, que era do vento e do momento que viesse a seguir.
Disse-lhe que era dela mais do que queria, mais do que aquilo que podia querer dela. Era do vento, não podia ser de ninguém.
Nunca quis que ela lhe contasse histórias reais , de lugares reais - habituou-se a viver no céu que ela pintou só para o receber.
Nunca mais se tocaram.
A camisa desabotoada é parte duma promessa que ela não quer mais esuqecer.
Ele sugou-lhe pelos lábios o sorriso. E partiu...
Quando ela acorda, ou quando não se deixa adormecer, lavra lágrimas entre as águas traiçoeiras.
Vê-o de longe, ás vezes - com o mastro ao alto, num leme que ela escolheu.
Acena-lhe e esvoaça a saia - deixa-se cair.
Ele fica à deriva.
Não retorna a bom porto.
...não volta.
Todos os dias ela ouve o mar traiçoeiro inventar mentiras sobre uma lágrima que diz tê-lo visto chorar.
Todos os dias lhe contam que não mais o viram voar entre as redes duma teia de promessas eternas que não se quiseram cumprir.
Todos os dias ela tenta acreditar que são mentiras as verdades que ouve. Tenta achar eterna a última promessa de todas -
-"Não voltarei..."
Todos os dias tenta não morrer mais.
Não amar mais.
Ela sabe que ele é filho do vento - ela é amante do mar. Ela sabe que as velas erguidas vão sempre trazê-lo de volta...por mais que não a olhe, é ela que vê.
Ela sabe que um dia, no mais belo sol posto, ele vai chegar.
Com os olhos embebidos em saudade, vão voltar a quebrar as promessas eternas que os deixaram tão longe.
(Deixa-te embalar. Adormeçe de vez no colo dum anjo que saiba onde te escondes!
O teu lugar é aqui, onde te espera a sereia com a saia esvoaçada, no mar que chora por ti todas as manhãs.
Não te vais encontrar nesses lugares onde esperas que te procurem - a ausência do que te quer fazer eterno é a condenação à contra-maré.)
Um dia, cansado, tu retornas.
Um dia, cansada, esqueço-me que vens.
*Mó
19.08.05
"Is this the place we used to love?
Is this the place that I've been dreaming of?
Oh, simple thing, where have you gone?
I'm getting old and I need something to rely on.
So tell me when you're gonna let me in,
I'm getting tired and I need somewhere to begin.
So if you have a minute why don't we go,
Talk about it somewhere only we know?
This could be the end of everything.
So why don't we go somewhere only we know,
Somewhere only we know."
(Keane - somewhere only we know)
segunda-feira, agosto 08, 2005
Dança, ciganinha...
Ela andava sobre os estilhaços como quem penteia as cores do vento.
Ele não a descobriu nunca.
Achava sempre que as saudações de luz eram peças de poetas.
Achava-se poeta, ele.
Inspirava a mão no que dizia sentir.
Ela escrevia na areia. O riacho doce limpava-lhe os olhos quando ela sorria.
Espelhava o céu nos gestos.
Expirava alma no que cantava.
E não cantava palavras.
Ele fugia das fagulhas dos sentidos - não chorava demais, não comia demais, não dormia demais.
Ela dançava ao acordar.
E dançava enquanto dormia.
Tinha sempre os pés descalços e as mãos suadas dum perfume mascavado da cor do açúcar do sol.
A pele escamada era salgada de poeiras. Os cabelos negros torciam-se enrolados nos braços enquanto ela brincava ás escondidas com o mundo todo.
Ele dizia que os beijos se glorificavam - ela roubava com os lábios os cânticos das gaivotas.
Olhava-o.
Chamava-o e ele escrevia sobre os olhos pérola-negros. Escrevia sobra as mãos queimadas, sobre os cabelos ondulados.
Sorria-lhe.
Escondia-se e voltava e ele tremia os dedos e continuava a escrever.
Fez-lhe um castelo de sonetos, uma ode inventada com riscos e desenhos.
Ela continuava a brincar com as curvas do tempo, as voltas dos gestos torcidos num corpo de sereia.
Um dia, enquanto ela cantava as palavras sem letras que ele não sabia decifrar, caiu das nuvens o dilúvio eterno.
As folhas pintadas de chuva derreteram e as palavras escorregaram pelo riacho doce.
Ele chorou muito.Chorou demais.
Ela puxou-o, sem o chamar. Enrolou os cabelos nas mãos trémulas dele, susteve-lhe o rosto e limpou-lhe as lágrimas com os lábios molhados.
Não lhe sorriu, não lhe cantou.
Ele fechou os olhos e viu tudo o que ela lhe gritava com o corpo.
Deixou que a voz lhe saísse sem pensar no que as palavras queriam dizer.
-Dança, ciganinha, dança...
Encontraram-no a sucumbir no meio da tempestade. Não havia ninguém por perto, ele tinha desparecido sem deixar sinais.
Disse qualquer coisa que as palavras não decifram, sorriu e não mais acordou.
Tinha os pés descalços. As mãos unidas por um fio de cabelo negro.
*Mó
08.08.05
De que tela surgiste, ave, sereia e flama,
toda feita de luz e carne? Os teus olhares,
nas olheiras de fogo, acendem a fagulha
do amor e da paixão, da febre e da saudade.
A cigana, Alexandrina Scurtu
Ele não a descobriu nunca.
Achava sempre que as saudações de luz eram peças de poetas.
Achava-se poeta, ele.
Inspirava a mão no que dizia sentir.
Ela escrevia na areia. O riacho doce limpava-lhe os olhos quando ela sorria.
Espelhava o céu nos gestos.
Expirava alma no que cantava.
E não cantava palavras.
Ele fugia das fagulhas dos sentidos - não chorava demais, não comia demais, não dormia demais.
Ela dançava ao acordar.
E dançava enquanto dormia.
Tinha sempre os pés descalços e as mãos suadas dum perfume mascavado da cor do açúcar do sol.
A pele escamada era salgada de poeiras. Os cabelos negros torciam-se enrolados nos braços enquanto ela brincava ás escondidas com o mundo todo.
Ele dizia que os beijos se glorificavam - ela roubava com os lábios os cânticos das gaivotas.
Olhava-o.
Chamava-o e ele escrevia sobre os olhos pérola-negros. Escrevia sobra as mãos queimadas, sobre os cabelos ondulados.
Sorria-lhe.
Escondia-se e voltava e ele tremia os dedos e continuava a escrever.
Fez-lhe um castelo de sonetos, uma ode inventada com riscos e desenhos.
Ela continuava a brincar com as curvas do tempo, as voltas dos gestos torcidos num corpo de sereia.
Um dia, enquanto ela cantava as palavras sem letras que ele não sabia decifrar, caiu das nuvens o dilúvio eterno.
As folhas pintadas de chuva derreteram e as palavras escorregaram pelo riacho doce.
Ele chorou muito.Chorou demais.
Ela puxou-o, sem o chamar. Enrolou os cabelos nas mãos trémulas dele, susteve-lhe o rosto e limpou-lhe as lágrimas com os lábios molhados.
Não lhe sorriu, não lhe cantou.
Ele fechou os olhos e viu tudo o que ela lhe gritava com o corpo.
Deixou que a voz lhe saísse sem pensar no que as palavras queriam dizer.
-Dança, ciganinha, dança...
Encontraram-no a sucumbir no meio da tempestade. Não havia ninguém por perto, ele tinha desparecido sem deixar sinais.
Disse qualquer coisa que as palavras não decifram, sorriu e não mais acordou.
Tinha os pés descalços. As mãos unidas por um fio de cabelo negro.
*Mó
08.08.05
De que tela surgiste, ave, sereia e flama,
toda feita de luz e carne? Os teus olhares,
nas olheiras de fogo, acendem a fagulha
do amor e da paixão, da febre e da saudade.
A cigana, Alexandrina Scurtu
quarta-feira, agosto 03, 2005
Saíram á rua.
Chamaram os responsáveis pelo horário do sol.
Era de noite fazia já 5 meses e ninguém havia contestado - lágrimas não renascem o dia.
Gritaram-me aos ouvidos.
Acordaram-me e afinal não havia ninguém.
Afinal não faltava ninguém.
Era só eu...com a janela cerrada.
(amanheceu...)
*Mó
03.08.05
Sérgio Godinho
Não vás contar que mudei a fechadura
Não vás contar que mudei a fechadura
Nem revelar que reclamei dos teus anéis
O amor dura, se durar, enquanto dura
E o vento voa à procura de papéis
O vento passa à procura dum engano
E quando encontra presa fácil na cidade
Bate à janela e redemoinha e causa dano
Naquilo que é suposto ser nossa vontade
Já de manhã vai parecer tudo tão diferente
Não é do vinho nem do sono ou do café
É só que um olho por olho, dente por dente
Nos deixa o rosto assemelhado ao que não é
E não vás contar-lhes desse abraço derradeiro
Nem que mudei a fechadura mal saíste
Quero o teu rosto devolvido por inteiro
O desse dia em que me vi no que tu viste
E não vás tomar à letra aquilo que te disse
Quando te disse que o amor é relativo
Se o relativo fosse coisa que se visse
Não era amor o por que morro e o por que vivo
Chamaram os responsáveis pelo horário do sol.
Era de noite fazia já 5 meses e ninguém havia contestado - lágrimas não renascem o dia.
Gritaram-me aos ouvidos.
Acordaram-me e afinal não havia ninguém.
Afinal não faltava ninguém.
Era só eu...com a janela cerrada.
(amanheceu...)
*Mó
03.08.05
Sérgio Godinho
Não vás contar que mudei a fechadura
Não vás contar que mudei a fechadura
Nem revelar que reclamei dos teus anéis
O amor dura, se durar, enquanto dura
E o vento voa à procura de papéis
O vento passa à procura dum engano
E quando encontra presa fácil na cidade
Bate à janela e redemoinha e causa dano
Naquilo que é suposto ser nossa vontade
Já de manhã vai parecer tudo tão diferente
Não é do vinho nem do sono ou do café
É só que um olho por olho, dente por dente
Nos deixa o rosto assemelhado ao que não é
E não vás contar-lhes desse abraço derradeiro
Nem que mudei a fechadura mal saíste
Quero o teu rosto devolvido por inteiro
O desse dia em que me vi no que tu viste
E não vás tomar à letra aquilo que te disse
Quando te disse que o amor é relativo
Se o relativo fosse coisa que se visse
Não era amor o por que morro e o por que vivo
segunda-feira, agosto 01, 2005
Dizem-me que há verdades que não se contam.
Digo que há mentiras que se decidem.
Não te digo nada.
Não te digo coisa alguma que oiças.
Perdi-me de ti no dia em que te vi de tão perto que perdi a imagem do que és - ganhei-me desencontrada num espço pequeno demais para mim e o meu prolongamento em ti.
Não me apetece dizer seja o que for.
Nem as verdades todas sobre as mentiras que te contei sempre.
Eu não acredito em fadas.
Nem em sininhos, nem em pós de ouro e céus e luas.
Não peço desejos ao nascer do sol nem me arrepio quando ele se põe.
As músicas que canto, são as que oiço e não as que choro. As que choro não conto a ninguém - nem a mim.
Muito menos a ti.
Que não soubeste nunca que se fiquei com a voz rasgada não foi de te chamar em vácuo - foi de tantas vezes ter-te perguntado o que fazias comigo quando eu estava sem ti.
Nunca estive doutra forma.
Eu não acredito em ti.
Nunca acreditei que fosses o cheiro que trazia comigo quando te levava para os sonhos todos.
Também não acreditei em mim.
Por isso não te contei que mentia quando me tinha encantada.
Por isso não me contei que te perdia quando me acorrentava.
Não acreditei que tivesses ficado longe.
Porque não aprendi a ver-te daqui.
Tocou a última valsa de olhos fechados.
Encravou a voz numa página de seda.
Tudo corre bem enquanto não acaba.
"(...)
Acabado de entrar, pensava como reconfortava a alma
nunca tão poucas palavras tiveram tanto significado
e de repente era assim, do nada, um ser iluminado -
e tudo fazia sentido,
respirar fazia sentido,
andar fazia sentido,
todo o pequeno pormenor em pensamento perdido
era isto que realmente importava,
não qualquer outro tipo de gratificação
(...)
A minha pedra filosofal
Seguia para dentro do nosso pequeno universo
Um pouco disperso - pronto, disponível a ser submerso
Naquele mar de temperatura amena que a minha pequena
abria para mim sempre tranquila e serena.
Tento ter a força para levar o que é meu
Sei que às vezes vai também um pouco de nós
Devo concordar que às vezes falta-nos a razão
Mas nego que há razões para nos sentirmos tão sós
Vem fazer de conta eu acredito em ti
Estar contigo é estar com o que julgas melhor
Nunca vamos ter o amor a rir para nós
Quando queremos nós ter um sorriso maior
Bem-vindo a casa dizia quando saia de dentro dela
O bonito paradoxo inventado por uma dama bela
Em dias que o tempo parou,
gravou, dançou,
não tou capaz de ir atrás, mas vou ,
porque sou trapalhão,
perdi a chave e já nem sei bem o caminho
nestes dias difusos em que ando sozinho
e definho
à procura de uma casa nova
do caixão até a cova
o percurso é duro em toda a linha,
sempre à prova.
Tento ter a força para levar o que é meu
Sei que às vezes vai também um pouco de nós
Devo concordar que às vezes falta-nos a razão
Mas nego que há razões para nos sentirmos tão sós
Vem fazer de conta eu acredito em ti
Estar contigo é estar com o que julgas melhor
Nunca vamos ter o amor a rir para nós
Quando queremos nós ter um sorriso maior
(...)
o calor é um alimento que eu preciso
o amor é apenas um constante aviso
se sabes que eu não vivo dessa forma
tu sabes que eu não sinto dessa forma"
Casa (vem fazer de conta) - Da Weasel
01.08.05
*Mó
Digo que há mentiras que se decidem.
Não te digo nada.
Não te digo coisa alguma que oiças.
Perdi-me de ti no dia em que te vi de tão perto que perdi a imagem do que és - ganhei-me desencontrada num espço pequeno demais para mim e o meu prolongamento em ti.
Não me apetece dizer seja o que for.
Nem as verdades todas sobre as mentiras que te contei sempre.
Eu não acredito em fadas.
Nem em sininhos, nem em pós de ouro e céus e luas.
Não peço desejos ao nascer do sol nem me arrepio quando ele se põe.
As músicas que canto, são as que oiço e não as que choro. As que choro não conto a ninguém - nem a mim.
Muito menos a ti.
Que não soubeste nunca que se fiquei com a voz rasgada não foi de te chamar em vácuo - foi de tantas vezes ter-te perguntado o que fazias comigo quando eu estava sem ti.
Nunca estive doutra forma.
Eu não acredito em ti.
Nunca acreditei que fosses o cheiro que trazia comigo quando te levava para os sonhos todos.
Também não acreditei em mim.
Por isso não te contei que mentia quando me tinha encantada.
Por isso não me contei que te perdia quando me acorrentava.
Não acreditei que tivesses ficado longe.
Porque não aprendi a ver-te daqui.
Tocou a última valsa de olhos fechados.
Encravou a voz numa página de seda.
Tudo corre bem enquanto não acaba.
"(...)
Acabado de entrar, pensava como reconfortava a alma
nunca tão poucas palavras tiveram tanto significado
e de repente era assim, do nada, um ser iluminado -
e tudo fazia sentido,
respirar fazia sentido,
andar fazia sentido,
todo o pequeno pormenor em pensamento perdido
era isto que realmente importava,
não qualquer outro tipo de gratificação
(...)
A minha pedra filosofal
Seguia para dentro do nosso pequeno universo
Um pouco disperso - pronto, disponível a ser submerso
Naquele mar de temperatura amena que a minha pequena
abria para mim sempre tranquila e serena.
Tento ter a força para levar o que é meu
Sei que às vezes vai também um pouco de nós
Devo concordar que às vezes falta-nos a razão
Mas nego que há razões para nos sentirmos tão sós
Vem fazer de conta eu acredito em ti
Estar contigo é estar com o que julgas melhor
Nunca vamos ter o amor a rir para nós
Quando queremos nós ter um sorriso maior
Bem-vindo a casa dizia quando saia de dentro dela
O bonito paradoxo inventado por uma dama bela
Em dias que o tempo parou,
gravou, dançou,
não tou capaz de ir atrás, mas vou ,
porque sou trapalhão,
perdi a chave e já nem sei bem o caminho
nestes dias difusos em que ando sozinho
e definho
à procura de uma casa nova
do caixão até a cova
o percurso é duro em toda a linha,
sempre à prova.
Tento ter a força para levar o que é meu
Sei que às vezes vai também um pouco de nós
Devo concordar que às vezes falta-nos a razão
Mas nego que há razões para nos sentirmos tão sós
Vem fazer de conta eu acredito em ti
Estar contigo é estar com o que julgas melhor
Nunca vamos ter o amor a rir para nós
Quando queremos nós ter um sorriso maior
(...)
o calor é um alimento que eu preciso
o amor é apenas um constante aviso
se sabes que eu não vivo dessa forma
tu sabes que eu não sinto dessa forma"
Casa (vem fazer de conta) - Da Weasel
01.08.05
*Mó
Subscrever:
Mensagens (Atom)