sábado, março 19, 2005

Não me ouves mais. Se ouvisses, estavas aqui comigo, a suplicar que eu calasse os meus gritos absurdos de te querer tanto.
Quase nem me aguento. Dou por mim completamente insuportável a chorar por dentro, pisada e amarrotda como um papel molhado com gotas de sal e água que deixaram esquecido a secar ao sol numa noite de primavera como esta.

Esqueceste-te de mim.
Mas tu prometeste que ficavas! Prometeste e não cumpriste e agora olho para ti em lado nenhum e vejo-te nos cantos todos onde invento que te vi um dia.

Tu não me ouves mais. Fechaste a porta e deixaste-me do lado de fora, não reparaste que o meu coração entra sempre antes de eu esperar que abram a persiana, agora não me ouves mais! E eu não sei o que fazer para te dizer que tenho o coração dentro da masmorra onde fechaste os meus sonhos, e a chave ficou contigo.
De tanto queimar as mãos na tua campainha chego a sentir que és tu quem me aquece outra vez os dedos, um por um. De não mais sentir as pernas, sentada a porta dessa fortaleza, penso, com as forças que ainda tenho para o fazer, que és tu que, enrolado com as tuas pernas nas minhas, as faz tremer desta forma. O silêncio já me é tao familiar como o são as palavras que nem deste tempo de dizeres, que não me deixaste ouvir e que não soube como te dizer que mas escreveses.
Eu lia-te, também oiço os riscos do teu caderno, até agora.

De tanto ficar deitada no teu passeio, a espera que as estrelas me cantem o som do cristal e das ondas a bater nas rochas que um dia me deixaste ouvir, desenho violinos nas nuvens, peixes dourados no azul fosco quase nublado, e juro-te que oiço patinhos a minha volta. Muitos patinhos, muitos. Muito lindos, todos.

Os dias cheiram aos teus cabelos e o frio que faz de vez em quando, arranha-me a pele e abre frestas como fazias com a barba mal feita. Como quando te vias nos meus olhos, espelhados de ti, saidos de dentro do coração que trancaste atras dessa porta fechada a cadeado.
Não tenho a chave. Nem tenho coração. Nem tenho mais para onde olhar daqui. Quando em cima de mim mora o céu que nos cobriu os passos e os abraços, quando em todo o lado vejo rios e oiço ondas e sinto as pernas a tremer, cheiro os teus cabelos e leio as palavras que nao me escreveste, guardo as musicas todas na garganta e canto para dentro, grito para fora que essa tua masmorra de porta fechada e sem janelas é a coisa mais sincera de todas.
Mesmo que a porta se dissolva nas pedras das paredes, e abras tuneis para fugir, ela fica aqui, a frente dos meus medos, com os meus sonhos la dentro, ao lado do coraçao. E não tenho nada mais sincero que isso.

Não me ouves mais. Vou esperar que essas paredes desabem, e que ainda saiba como eram os sonhos todos no dia em que mos fechaste dentro do sitio onde decidiste morar.

5 comentários:

aquele a quem chamam Jonas disse...
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aquele a quem chamam Jonas disse...
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aquele a quem chamam Jonas disse...
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aquele a quem chamam Jonas disse...

o regresso de Mó...



assim da gosto

este era o registo a que me tinhas acostumado



felizes Pascoas de luacheia

e beijinhos do Jonas nom ja de neve durante a semana sancta na Silesia

aquele a quem chamam Jonas disse...

puta da technologia
nom percebo nada disto
tenho que fazer mil tentativas antes de publicar tres linhas

acho que saio `a minha mae...