A OUTRA DO ESPELHO
Era uma pedra no caminho.
E era seiva.
Nunca soube bem onde fico quando fico por aí, entre o buraco do chão e o tecto lá de cima, onde moram os deuses. Já me achei fada, e há dias em que acordo com uma cauda e as unhas pintadas de preto.
Deito-me sempre tarde e durmo completamente coberta. Mal respiro.
Deito-me sempre na mesma posição, acordo sempre numa posição diferente e sempre igual áquela em que me deitei.
Já me achei sonâmbula. Cheguei a dar por mim caída em frente a um espelho qualquer que ainda não vi. Todas as vezes com um corpo diferente, na posição do costume e sempre coberta por completo. Uma respiração difícil e um colchão amorfo.
Era uma lomba de chuva, uma duna de termos e conceitos e pré-conceitos que escorrem pelos espinhos das lágrimas que não se soube chorar.
Durmo sempre completamente coberta, sempre em frente a um espelho que nunca vi.
15.01.05
*Mó
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