Que viria um vendaval,
que correria um tormento
e que pelas ruas haveria
uma tempestade que seria
colossal.
Mandaram que se ficasse atento.
Que se atentasse ao vento
e àquele momento
em que tudo mostrasse
contratempo.
Disseram que podia ser ciclone.
Ou um furacão,
Ou um tufão
Ou até um tornado!
- é que um homem assustado
vai além da razão.
Contaram tanta desventura
dessa tempestade
que não tinha alma nua
pela cidade.
Ninguém saia de casa:
“Vai que o vento me leva
vai que a chuva me arrasa!"
“é que eu não sou peixe!"
“e eu não tenho asa!"
Ninguém se atrevia
a abrir a janela nesse dia.
Trancas nas portas
e luzes apagadas.
Flores guardadas
nas sacadas.
Só que ele não sabia
De nada.
E ela andava meio
Desligada.
Estava nublado,
e ele desavisado
saiu à praça
só pra ver quem passa.
Ficou lá um bocado.
Tinha algo errado
que não entendia!
Não havia, não havia!
Ninguém, naquele dia.
Ela morava lá do lado.
e com o céu acizentado
Decidiu descer à praça.
Pra ver quem passa.
Só tinha ele.
Só tinha ela.
E nenhuma luz à janela.
Ficaram abestados
Envergonhados
Acatados,
Quase
quase
apaixonados.
E sozinhos, nessa praça
Onde ninguém passa,
começou uma chuva mansa.
E eles, desavisados,
em vez de ficarem assustados
começaram uma dança.
Diz que dançaram tanto
que a chuva se encantou
e que por conta desse encanto
o tormento nem chegou.
Não houve ciclone,
Trovão, ou tempestade,
chuvada ou alagamento.
Mas houve um sentimento.
E uma história de verdade:
Unidos pelas mãos
Seguiram dançando no vento,
Respirando e
Pulsando a cada batimento
uma vontade:
Que aquele momento
deixasse saudade.
E dizem que desde então
sempre que há informação
Que uma tempestade
Ameaça,
Milhares de casais da cidade
Descem à praça.
08.02.2015 (sobre o “ciclone” de dia 05.02)
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