domingo, abril 05, 2009

Uma vez pedi-te
Que me desses tudo

Que inventasses o que
Não tivesses
E fosses oriundo
Dos sítios onde nunca me deixaste chegar.

Uma vez pedi-te que me
Ensinasses a voar.
Pedi que me cantasses
Ao luar
E que me contasses
Histórias de encantar.

Que as inventasses
Que mas cantasses

Mesmo que a voz te falhasse
Mesmo que a canção acabasse
Que a lua esvaziasse
Ou que eu
Já nem te amasse.

Pedi-te uma vez
E outra
E outra vez
Que fosses perfeito
Ou que apenas
Não me fizesses do sonho
Um sonho desfeito.

Que gracejasses
Que confessasses
Tudo
Que me mostrasses
No lugar do peito
Um insuspeito
Infinito.
que me desses mudo
o amor num grito.

Pedi-te que fosses
Mais do que és.
Que me desses mais
Do que tens.




E agora que me és
E agora que me tens,
Peço-te
Não mo dês.
Não o dês a ninguém.

Porque amar não é pedir,
É somar.
Não é ter,
É querer.
Não é saber,
É sentir.

Não é sonhar
É viver.

E se ao pedir
Mais,
Nem que seja por uma vez…
se pedir for demais

Não dês.

Por amor não dês.
Nem peças.

Sem promessas
partilha.
Divide o coração
E sente saudade

Que amar sem solidão
É amar sem liberdade.


*Mó
17.03.09


foto: autoretrato. Mónica Filipa Guerra

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