terça-feira, janeiro 29, 2008

Hoje só me apetece dizer uma coisa...
Amo-te, patéta...

*Mó
29.01.08

segunda-feira, janeiro 28, 2008

De manhã está sempre tudo tão igual. Por entre os buracos da persiana, em contra luz, espreito a névoa e a sonolência das horas. Não abro a janela, custa acordar. Volto a deitar-me e adio o despertador. Ele toca e volto a adia-lo. Queria desmarcar a manhã do calendário e nascer com o calor do Sol bem alto. Queria soprar as nuvens e desviar a chuva da minha janela.
 
Visto-me ainda dentro dos lençóis, num esquema acrobático que inventei para fugir do frio. Entra vento pela minha janela, e as cortinas brincam comigo, desafiam-me.
Não abro a janela, já disse que não abro...
O candeeiro aceso impede-me de perceber o tamanho dos meus olhos. Quero ver pouco, saber pouco. Durmo sempre pouco. Por mais horas que durma.
Sonho pouco.

Saio de casa. Dentro do carro as mesmas vozes na mesma rádio contam-me coisas sempre tão parecidas. Páro, acelero, abrando outra vez. Desmaio. Acordo. Desmaio. Quase não acordo.
E sobe o sol, e desce a lua, e anunciam chuva para o fim do dia. 
O inverso do meu verso.
Vai custar despir para vestir o pijama arrefecido, vai custar deitar, vai custar dormir.
Vai custar olhar pela janela, o buraco da persiana agora em contra luz. Lá fora escuro, cá dentro luz a mais. Só o candeeiro não chega para ver o tamanho dos meus olhos.
Só o meu quarto não chega para sonhar.


De manhã.
Passeias os dedos pelos meus braços.
Está calor, e vejo-te sorrir com a ténue luz que entra pelos buraquinhos perfeitos da persiana. 
Deliciosa penumbra que nos protege, que expulsa o mundo de nós. Tens a voz rouca de quem sonhou toda a noite, de quem chamou por mim enquanto dormia. Conheço o teu sussurro. 
arrepio-me até à espinha. Tocas-me nos lábios cada vez que me olhas... Embrulhas-me dentro de ti e respiro fundo. Tão fundo.
Chutamos os lençóis, desfazemos os cobertores. tudo amontoado nos nossos pés, só a pele nos nossos corpos. 
O dia começou. 
O nosso dia começou.

Apertas-me com força. Sinto-me a encostar a testa no teu coração. 
A doçura das horas faz-me lembrar que é mais um dia perto de ti. Adoro o som dos segundos, o canto da rua agitada lá fora. Dentro do ninho, começo a expulsar a preguiça. Abres a janela, cantas aquelas musicas que te lembras de manhã com aquela voz desafinada e aguda. Fazes-me rir.

(amo-te).

Despimo-nos juntos, vestimo-nos juntos. Saímos do quarto com a pressa de quem quer viver mais um dia. Como se fosse o primeiro. Como se fosse o último.
Corremos as escadas uma por uma, ris-te de mim quando tropeço o último degrau. Quando caio nos teus braços.

(amo-te).

Lá fora o dia vai breve. Cá dentro amanheceu agora.
Lavamos os dentes, chapinhamos o lavatório com sabão de leite e mel. 
Agarro-te com tanta força, e encosto a cabeça no teu ombro. Os dois. E um espelho á nossa frente.
Paralisados no tempo fixamos o reflexo. 
Os teus traços fundem-se nos meus, os teus recortes encaixam em mim. Somos um só. 

(amo-te).

Sorrimos e não dizemos nada. Não precisamos de palavras.
Não queremos palavras.

(amo-te).

Saímos já mais devagar. Despedes-te com um até já. Eu digo-te até sempre. 

(Já tenho saudades tuas, amor).

De dentro do carro vejo o sol mais alto, as nuvens sopraram a névoa, o vento soprou as nuvens. Eu soprei o vento.
Chamei-te toda a viagem.
Cantei-te toda a viajem com a minha voz aguda, desafinada e rouca.
Passam-se as horas, os pássaros adormecem e acordam. Voltam a adormecer. 
Apanho boleia com a chuva do final da tarde. Dentro do carro o mesmo rádio, com as mesmas vozes...
Tudo tão doce...
Tudo tão nosso.

(Esta noite vou deixar a luz acesa, para o dia não acabar.
Até já meu amor. Até sempre.)
(amo-te).
*Mó
28.01.08

"What a difference a day made, twenty four little hours 
brought the sun and the flowers where there use to be rain
My yesterday was blue dear 
Today I'm a part of you dear
My lonely nights are through dear
Since you said you were mine
Oh, what a difference a day made
There's a rainbow before me
Skies above can't be stormy since that moment of bliss
That thrilling kiss
It's heaven when you find romance on your menu
What a difference a day made
And the difference is you, is you"

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Vens na noite,
de dentro da névoa,
como forasteiro perdido entre
o agora
e o depois.

Vens cansado,
com o passo pesado,
arrastado
pela promessa

do lugar que nos atravessa
aos dois.

Calculas os dia,
decoras os céus
e escondido entre véus
de orvalho
traças o teu único atalho:

Vens até mim,
e vens de todo o lado
como se todo o alcance
do meu grito
infinito
te tivesse encontrado,
te tivesse encantado,
no limbo fino
do destino sonhado.


imagem: http://botecoliterario.files.wordpress.com/2007/06/sombra-de-gato-errante.jpg

*Mó
11.01.08

terça-feira, janeiro 15, 2008

Em tom de paz
um som de vento.


Jaz
num corpo dormente
um lamento
iminente
e um contentamento.



Onde estás?
Onde estendo o véu
que te traz?

Em tom de paz,
em som de vento
levas na carne,
fugaz,
o lugar onde o corpo
satisfaz
o tempo.


Onde vais?
onde me levas nesse momento.

*Mó
06,01,08