sábado, outubro 01, 2005

Pedi a todos que se encostassem à parede.
Revistei-os um a um.

A minha história mais pequena dava um conto policial, com a subtileza de Allan Poe, com a poesia de Baudelaire. A minha história mais pequena dava uma flor do mal, um ensaio sobre uma cegueira que eu achei emocionante inventar.

Não usavam casacos nem sapatos, quase os confundia:
Na mão de um encontrei o meu anel, nos olhos de outro a minha voz, nos lábios dela encontrei um segredo meu, nos lábios dele uma mentira qualquer que eu pedi que ela contasse.
Na sombra do quinto (a contar da esquerda para a direita), vi escondida a minha ingenuidade, entre os cabelos de outro, vi os meus dedos.

Perguntei-te o que achavas, se o crime era tão infundado assim, se era imperdoável tamanha insensatez. Perguntei-te qual seria a condenação.

E tu tapaste-me os olhos para que eu não soubesse mais de mim em partes. Mas eu ouvi na tua voz a condenação que merecias. Roubaste-me o coração, e fizeste-te juíz de tudo o que um dia eu possa querer emprestar a alguém que não tu.

(de tanto bater o meu coração parou)...



A minha história mais pequena dava o mais pequeno conto policial. Dava o canto duma gaivota em maresia incontrolável...uma página dum diário eterno:

"Piés para que te quiero si tengo asas para volar?" - Frida Kahlo

*Mó
01.10.05

1 comentário:

aquele a quem chamam Jonas disse...

los pájaros
vuelan
como
los pájaros

y
el enyerbado
vuela
así



así
como
los pájaros?



no

así
como
los enyerbados





Juan Matus