"Sub-feliz."
Li sobre isso hoje pela primeira vez e fiquei a pensar, fiquei a sentir-me para ver se ainda me sentia. Sub-feliz, sub-desiludida, sub-iludida. Sub-vida.
Vibrou nas paredes firmes que fui construindo, e elas, não tão firmes assim, abriram fendas.Vibrou nas certezas e nas certas desconfianças. Vibrou que não há confiança nessa sub-certeza.
Houve uma de mim que foi certinha demais, organizadinha demais, direitinha demais e por ser demais, sub-amou. Sub-viveu. Morou num lugar racionado, estrutura planeada, tão certa e tão organizada:
sorrir sem gargalhar, comer sem engordar, pedir sem implorar, entristecer sem chorar, beijar sem tocar, ir sem despedir, amar sem preencher,
sub-sentir
sub-viver.
E houve uma em mim toda errada, toda desencontrada, mas que tinha uma certeza mais certa do mundo todo e de todos os universos imaginários, imaginariamente reais, infinitamente certos e profundos.
Houve um dia uma em mim que só sabia da tristeza em mares de lágrimas, de sorrisos em rosto rasgado, de exageros e prazer, de beijos de filme, histórias de livro, amores de imensidão.
Amores de paixão. Vida de amor. Dias de VIDA.
Inteira, intensa, imensa. Maravilhada, menina, misteriosa, menina - Mulher.
E essa que houve um dia, construiu um dia portas abertas, janelas iluminadas, cheias de incertezas e sonhos.
cheia de amor, de presente, de agora.
E hoje, nas fendas abertas dos muros certos de uma sub-felicidade, de uma sub-vida, essas portas e janelas apareceram.
Invadiram de luz.
E de hoje, de agora, já só poderei ser feliz.
Só poderei Ser.
Só poderei Ser.
Quem fui.
Quem sou.